quarta-feira, 9 de março de 2016

LIVRO: PROFISSÃO AMANTE - CAPITULO 9



 | Nova tentativa |
  
            Alguns dias se passaram. Durante esse tempo eu e o Leonardo nos vimos algumas vezes, e claro, não deixei passar em branco, embora desses encontros não tenham rolado nada mais do que beijos.
Estava difícil conseguir alguma coisa que o comprometesse, e eu sabia que algo deveria ser arrancado logo, além da Talita não me deixar esquecer.
-Alô?
-Eaí... Já conseguiu algo?
-Ainda não.
-Acho melhor você se apressar. Aquela brincadeira sua do supermercado não vai me ajudar muito.
-É... Mas foi o que eu consegui pro momento.
-Pois então trate de ter ideias melhores, caso contrário você verá suas cifras caírem pela janela.
-Eu vou dar um jeito.
-Assim espero.
-Tem como você me emprestar seu carro?
-Meu carro?
-É.
-Pra quê?
-Isso você saberá depois.
-Tá bem... Pode vim buscar.
-Beleza.
            Sinceramente, achei que aquela tarefa de seduzir o doutor fosse mais fácil, até conhecer literalmente o entojado do Leonardo. Difícil agradá-lo, e tentar enganar era uma tarefa complicada, pois além de esperto ele era certinho demais, coisa que me deixava irado.
            Depois de horas colocando o cérebro pra pensar, tive uma ideia. Como eu já sabia que o Leonardo era um cara romântico, elegante, o convidei para jantar comigo no flat pagando assim a outra dívida que estava pendente. Óbvio que eu não iria cozinhar, por isso, passei no mercado e comprei alguns congelados para servir naquela noite.
            Colocava o CD no drive quando o interfone soou. Deixei a música tocando em volume baixo enquanto fui atendê-lo:
-Pronto.
-Senhor Claus, o senhor Leonardo o aguarda aqui na recepção.
-Deixe-o subir.
-Sim, senhor.
Enquanto isso, liguei o micro-ondas e deixei esquentando a lasanha que havia comprado. Logo a campainha tocou, e antes de abrir à porta, respirei fundo. Minhas mãos suavam, pois cada momento em que iria encontrá-lo, o medo de meter os pés pelas mãos era imenso.
Com um leve sorriso tímido no rosto, ele exclamou:
-Boa noite!
-Boa noite!
Ficamos ali na porta, parados, olhando um para a cara do outro, até ele dar uma curta gargalhada e perguntar:
-Hahaha... Pretende ficar parado aqui por muito tempo?
-Opa... Desculpa... Entre!
-Com licença...
Arrumando uma almofada sobre o sofá, disse a ele:
-Sente-se... Quer beber alguma coisa?
-Pode ser uma água...
-Comprei um vinho ótimo para essa noite... Vou buscar para nós.
-Tudo bem.
Enquanto fui até o quarto buscar a garrafa de vinho e as taças, o Leonardo me aguardava sentado ao sofá. Eu já tinha em mente um plano para aquela noite, e claro que a bebida faria parte disso.
Voltei pra sala com a garrafa e duas taças. Ajoelhei-me ao chão próximo a mesa de centro e suspirei dizendo:
-Comprei esse vinho especialmente pra você... Espero que goste.
-Opa!
Entregando-lhe a taça, falei olhando em seus olhos:
-Vamos brindar essa noite!
-Em homenagem a quê?
-A nós...
-A nós?
-É...
Após dar um gole no vinho, continuei:
-Não vai beber?
-Vou...
Olhava para ele ao mesmo tempo em que me vinham às maldades em mente, até fiquei com um pouco de pena no início, mas nada que uma boa conta bancária com saldo positivo não resolva.
Aproximei-me dele pouco a pouco, e passando a língua nos lábios, disse:
-Estou com vontade de fazer uma coisa...
-O quê?
Tirei a taça de sua mão e coloquei as duas sobre a mesa. Parado, o Leonardo esperava pela minha reação. Abracei sua cintura e o puxei para próximo de mim. Com minha boca próxima à sua eu disse sussurrando:
-Beijar sua boca...
Dei-lhe um abraço apertado e comecei a beijá-lo, ao mesmo tempo em que caminhava lentamente em direção ao sofá.
Minhas mãos começaram a acariciar seu abdome por baixo da sua camisa, enquanto minha boca explorava a sua num beijo ardente e selvagem.
Caímos no sofá sem interrompermos o clima que esquentava cada vez mais. Com meu corpo sobre o seu, segurava sua mão, enquanto com a outra explorava suas pernas e peito.
Eu sabia que ele não era acostumado a consumir bebida alcoólica, sendo assim, tentei persuadi-lo e fiz com que bebesse toda a garrafa. Pouco a pouco ele foi desfalecendo até perder totalmente os sentidos.
Bêbado, dormia em um profundo sono. Chamei pelo seu nome por duas vezes para ter certeza de que ele não estava consciente, mas ele não respondeu. Abotoei sua camisa e ajeitei seu cabelo, o deixando deitado ao sofá de forma a parecer que estava dormindo naturalmente.
Liguei na recepção e pedi para que mandassem ao meu apartamento dois seguranças. Em seguida levei até a copa as taças e guardei a garrafa de vinho vazia no armário. Quando a campainha tocou, meu coração só faltou sair pela boca, tamanho foi o susto que eu levei.
Abri à porta e pedi para que eles entrassem, dizendo logo em seguida:
-Preciso que me ajudem a levar esse rapaz até meu carro que está parado na vaga de visitantes.
-O que houve com ele? - Um deles perguntou desconfiado.
-Não é de sua conta. Façam apenas o que eu mando.
-Desculpe.
-Levem ele até o carro, vou pegar algumas coisas aqui e já estou descendo.
-Sim senhor.
Apressado, segui até o quarto, peguei a chave do carro da Talita, a máquina fotográfica e desci pro estacionamento. Ao cruzar a porta da recepção, avistei os seguranças parados próximos ao carro, apoiando o Leonardo, um de cada lado. Após liberar as travas, falei:
-Pode colocá-lo no banco do carona... Cuidado com a cabeça dele...
-Pronto.
-Obrigado!
Dei a volta pela dianteira e entrei no carro. Coloquei o cinto de segurança no Leonardo, subi o vidro e segui pra Marginal, onde previamente já havia reservado uma suíte de motel.
O relógio do painel marcava onze da noite. Fechei à porta da garagem privativa e tirei o Leonardo do carro. Seu corpo atlético e pesado deu-me um pouco de trabalho para subir às escadas, mas com sacrifício consegui.
Após deitá-lo sobre a cama, comecei a tirar sua roupa, até deixá-lo completamente nu. Respirei fundo. Olhei para a cena e fiquei admirando seu belo corpo esparramado pela cama, dormindo inocentemente.
Coloquei em sua mão uma garrafa de espumante que havia no frigobar do motel e forjei várias cenas comprometedoras enquanto tirava fotos. Que loucura! Se ele acordasse naquele momento eu estaria fodido, por isso procurei fazer tudo bem rápido.
            Já dentro do carro, antes de deixarmos a garagem dei uma olhada nas fotos através do visor da câmera. Eu não sabia mexer direito naquele trem, mas tenho que admitir que as fotos ficaram ótimas, muito bem tiradas.
Ao voltarmos para o flat, tentei ser o mais discreto possível, pedindo novamente ajuda aos seguranças para que o levassem de volta ao meu apartamento, pelo elevador de serviço para não chamar atenção.
-Ei... Vocês dois, me ajudem aqui...
-Pois não?
-Levem esse rapaz até o apartamento 1912.
-Sim senhor.
Enquanto fechava à porta do carro, falei:
-Cuidado para não machucá-lo... Subam pelo elevador de serviço pra não chamar atenção.
-Está bem.
Ver o Leonardo naquela situação me causava um pouco de pena, mas sinceramente, estava pouco me importando, pois o lucro que eu estava tendo permitia gozar a vida da maneira que eu mais gostava, sem ter que trabalhar duro pra isso.
Deitado ao sofá, o Leonardo dormia como um príncipe, enquanto eu anexava suas fotos ao e-mail e encaminhava pra Talita no infocentro do hotel. O peso do arquivo fez com que o envio demorasse um pouco, mas ocorreu tudo bem e assim respirei aliviado.
Fechava à janela da sala e bebia um pouco de vinho quando notei que o Leonardo começou a se mexer. Por um momento fiquei imóvel, sem saber direito o que fazer. Receoso, caminhei em sua direção, colocando a taça sobre a mesa, em seguida toquei em seu rosto dizendo:
-Leonardo... Está tudo bem?
-Minha cabeça está doendo...
-Fique deitado mais um pouco, então.
-Que horas são?
-Já passou dás quatro...
-Meu Deus!
Apoiando-se ao braço do sofá, ele tentava levantar-se.
-Cuidado! - Exclamei ao pensar que iria cair.
-Você colocou alguma coisa na minha bebida...
Afastei-me retrucando:
-Nossa!... Por que pensa isso de mim?... Tentei fazer de tudo para lhe agradar, mas tô percebendo o quanto você é um ingrato!
-Desculpa.
-Tudo bem. Vou ajudar você a pegar um táxi.
-Não precisa.
-Precisa sim, porque se não é capaz de você falar que eu tentei te matar.
-Hahaha... Como você é exagerado.
Olhando em seus olhos, falei:
-Será que você não percebeu ainda?
-Percebi o quê? - Perguntou esfregando os olhos.
-Que eu estou a fim de você.
Com minha mão direita puxei sua cabeça para próxima de mim, unindo nossas bocas com um beijo molhado e coberto de afagos. Que delícia! Correspondendo à minha atitude, ele me abraçou, colando nossos corpos ainda mais um ao outro. Aquela foi a única maneira que pensei para dar a volta por cima, e por sorte deu certo.
Respirar estava se tornando cada vez mais difícil, tamanha era a intensidade do clima que ia se formando. Seu beijo encaixou-se perfeitamente com o meu. Sua língua úmida e macia circulava dentro da minha boca em sentido horário, vasculhando cada centímetro, como se estivesse à procura do tesouro perdido.
No momento em que eu abri o zíper de sua calça ele recuou dizendo:
-Não... É muito cedo ainda.
Segurei em seu braço perguntando:
-Vou poder te ver outra vez?
-A gente combina de sair mais vezes.
-Olha... Por favor, não me leve a mal... Gostaria que você me desse uma chance.
-Chance?
            Aproximei-me lentamente enquanto dizia.
-Sim... Estou te curtindo e gostaria de pertencer um pouco mais de sua vida.
-Posso te pedir uma coisa?
-Claro...
-Vamos com calma.
-Acha que estou indo rápido demais?
-Existe momento certo pra tudo.
-Tudo bem... Antes de você ir... Posso te dar outro beijo?
Sua resposta foi silenciosa, agarrando-me e tapando minha boca com a sua, em um curto e profundo beijo de língua. Assim terminou nossa noite, apenas com beijos de casal apaixonado, enquanto isso eu ficava na seca sufocante, querendo subir pelas paredes de tanto tesão.

  




Próximo capítulo: | O plano perverso | 
Dia 10/03


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