| Nova
tentativa |
Alguns dias se passaram. Durante esse tempo eu e o Leonardo nos vimos algumas
vezes, e claro, não deixei passar em branco, embora desses encontros não tenham
rolado nada mais do que beijos.
Estava difícil
conseguir alguma coisa que o comprometesse, e eu sabia que algo deveria ser
arrancado logo, além da Talita não me deixar esquecer.
-Alô?
-Eaí...
Já conseguiu algo?
-Ainda
não.
-Acho
melhor você se apressar. Aquela brincadeira sua do supermercado não vai me
ajudar muito.
-É... Mas
foi o que eu consegui pro momento.
-Pois
então trate de ter ideias melhores, caso contrário você verá suas cifras caírem
pela janela.
-Eu vou
dar um jeito.
-Assim
espero.
-Tem como
você me emprestar seu carro?
-Meu
carro?
-É.
-Pra quê?
-Isso
você saberá depois.
-Tá bem...
Pode vim buscar.
-Beleza.
Sinceramente, achei que aquela tarefa de seduzir o doutor fosse mais fácil, até
conhecer literalmente o entojado do Leonardo. Difícil agradá-lo, e tentar
enganar era uma tarefa complicada, pois além de esperto ele era certinho
demais, coisa que me deixava irado.
Depois de horas colocando o cérebro pra pensar, tive uma ideia. Como eu já
sabia que o Leonardo era um cara romântico, elegante, o convidei para jantar
comigo no flat pagando assim a outra
dívida que estava pendente. Óbvio que eu não iria cozinhar, por isso, passei no
mercado e comprei alguns congelados para servir naquela noite.
Colocava o CD no drive quando o interfone soou. Deixei a música tocando em
volume baixo enquanto fui atendê-lo:
-Pronto.
-Senhor
Claus, o senhor Leonardo o aguarda aqui na recepção.
-Deixe-o
subir.
-Sim,
senhor.
Enquanto isso, liguei o
micro-ondas e deixei esquentando a lasanha que havia comprado. Logo a campainha
tocou, e antes de abrir à porta, respirei fundo. Minhas mãos suavam, pois cada
momento em que iria encontrá-lo, o medo de meter os pés pelas mãos era imenso.
Com um leve sorriso
tímido no rosto, ele exclamou:
-Boa
noite!
-Boa
noite!
Ficamos ali na porta,
parados, olhando um para a cara do outro, até ele dar uma curta gargalhada e
perguntar:
-Hahaha...
Pretende ficar parado aqui por muito tempo?
-Opa...
Desculpa... Entre!
-Com
licença...
Arrumando uma almofada
sobre o sofá, disse a ele:
-Sente-se...
Quer beber alguma coisa?
-Pode ser
uma água...
-Comprei
um vinho ótimo para essa noite... Vou buscar para nós.
-Tudo
bem.
Enquanto fui até o
quarto buscar a garrafa de vinho e as taças, o Leonardo me aguardava sentado ao
sofá. Eu já tinha em mente um plano para aquela noite, e claro que a bebida
faria parte disso.
Voltei pra sala com a
garrafa e duas taças. Ajoelhei-me ao chão próximo a mesa de centro e suspirei
dizendo:
-Comprei
esse vinho especialmente pra você... Espero que goste.
-Opa!
Entregando-lhe a taça,
falei olhando em seus olhos:
-Vamos
brindar essa noite!
-Em
homenagem a quê?
-A nós...
-A nós?
-É...
Após dar um gole no
vinho, continuei:
-Não vai
beber?
-Vou...
Olhava para ele ao
mesmo tempo em que me vinham às maldades em mente, até fiquei com um pouco de
pena no início, mas nada que uma boa conta bancária com saldo positivo não
resolva.
Aproximei-me dele pouco
a pouco, e passando a língua nos lábios, disse:
-Estou
com vontade de fazer uma coisa...
-O quê?
Tirei a taça de sua mão
e coloquei as duas sobre a mesa. Parado, o Leonardo esperava pela minha reação.
Abracei sua cintura e o puxei para próximo de mim. Com minha boca próxima à sua
eu disse sussurrando:
-Beijar
sua boca...
Dei-lhe um abraço
apertado e comecei a beijá-lo, ao mesmo tempo em que caminhava lentamente em
direção ao sofá.
Minhas mãos começaram a
acariciar seu abdome por baixo da sua camisa, enquanto minha boca explorava a
sua num beijo ardente e selvagem.
Caímos no sofá sem
interrompermos o clima que esquentava cada vez mais. Com meu corpo sobre o seu,
segurava sua mão, enquanto com a outra explorava suas pernas e peito.
Eu sabia que ele não
era acostumado a consumir bebida alcoólica, sendo assim, tentei persuadi-lo e
fiz com que bebesse toda a garrafa. Pouco a pouco ele foi desfalecendo até
perder totalmente os sentidos.
Bêbado, dormia em um
profundo sono. Chamei pelo seu nome por duas vezes para ter certeza de que ele
não estava consciente, mas ele não respondeu. Abotoei sua camisa e ajeitei seu
cabelo, o deixando deitado ao sofá de forma a parecer que estava dormindo naturalmente.
Liguei na recepção e
pedi para que mandassem ao meu apartamento dois seguranças. Em seguida levei
até a copa as taças e guardei a garrafa de vinho vazia no armário. Quando a
campainha tocou, meu coração só faltou sair pela boca, tamanho foi o susto que
eu levei.
Abri à porta e pedi
para que eles entrassem, dizendo logo em seguida:
-Preciso
que me ajudem a levar esse rapaz até meu carro que está parado na vaga de
visitantes.
-O que
houve com ele?
- Um deles perguntou desconfiado.
-Não é de
sua conta. Façam apenas o que eu mando.
-Desculpe.
-Levem ele até o carro, vou pegar algumas coisas aqui e já estou descendo.
-Levem ele até o carro, vou pegar algumas coisas aqui e já estou descendo.
-Sim
senhor.
Apressado, segui até o
quarto, peguei a chave do carro da Talita, a máquina fotográfica e desci pro
estacionamento. Ao cruzar a porta da recepção, avistei os seguranças parados
próximos ao carro, apoiando o Leonardo, um de cada lado. Após liberar as
travas, falei:
-Pode
colocá-lo no banco do carona... Cuidado com a cabeça dele...
-Pronto.
-Obrigado!
Dei a volta pela
dianteira e entrei no carro. Coloquei o cinto de segurança no Leonardo, subi o
vidro e segui pra Marginal, onde previamente já havia reservado uma suíte de
motel.
O relógio do painel
marcava onze da noite. Fechei à porta da garagem privativa e tirei o Leonardo
do carro. Seu corpo atlético e pesado deu-me um pouco de trabalho para subir às
escadas, mas com sacrifício consegui.
Após deitá-lo sobre a
cama, comecei a tirar sua roupa, até deixá-lo completamente nu. Respirei fundo.
Olhei para a cena e fiquei admirando seu belo corpo esparramado pela cama,
dormindo inocentemente.
Coloquei em sua mão uma
garrafa de espumante que havia no frigobar do motel e forjei várias cenas
comprometedoras enquanto tirava fotos. Que loucura! Se ele acordasse naquele
momento eu estaria fodido, por isso procurei fazer tudo bem rápido.
Já dentro do carro, antes de deixarmos a garagem dei uma olhada nas fotos
através do visor da câmera. Eu não sabia mexer direito naquele trem, mas tenho
que admitir que as fotos ficaram ótimas, muito bem tiradas.
Ao voltarmos para o flat, tentei ser o mais discreto
possível, pedindo novamente ajuda aos seguranças para que o levassem de volta
ao meu apartamento, pelo elevador de serviço para não chamar atenção.
-Ei...
Vocês dois, me ajudem aqui...
-Pois não?
-Levem
esse rapaz até o apartamento 1912.
-Sim
senhor.
Enquanto fechava à
porta do carro, falei:
-Cuidado
para não machucá-lo... Subam pelo elevador de serviço pra não chamar atenção.
-Está
bem.
Ver o Leonardo naquela
situação me causava um pouco de pena, mas sinceramente, estava pouco me
importando, pois o lucro que eu estava tendo permitia gozar a vida da maneira
que eu mais gostava, sem ter que trabalhar duro pra isso.
Deitado ao sofá, o
Leonardo dormia como um príncipe, enquanto eu anexava suas fotos ao e-mail e encaminhava pra Talita no
infocentro do hotel. O peso do arquivo fez com que o envio demorasse um pouco,
mas ocorreu tudo bem e assim respirei aliviado.
Fechava à janela da
sala e bebia um pouco de vinho quando notei que o Leonardo começou a se mexer.
Por um momento fiquei imóvel, sem saber direito o que fazer. Receoso, caminhei
em sua direção, colocando a taça sobre a mesa, em seguida toquei em seu rosto
dizendo:
-Leonardo...
Está tudo bem?
-Minha
cabeça está doendo...
-Fique
deitado mais um pouco, então.
-Que
horas são?
-Já
passou dás quatro...
-Meu
Deus!
Apoiando-se ao braço do
sofá, ele tentava levantar-se.
-Cuidado! - Exclamei ao pensar
que iria cair.
-Você
colocou alguma coisa na minha bebida...
Afastei-me retrucando:
-Nossa!...
Por que pensa isso de mim?... Tentei fazer de tudo para lhe agradar, mas tô
percebendo o quanto você é um ingrato!
-Desculpa.
-Tudo
bem. Vou ajudar você a pegar um táxi.
-Não
precisa.
-Precisa
sim, porque se não é capaz de você falar que eu tentei te matar.
-Hahaha...
Como você é exagerado.
Olhando em seus olhos,
falei:
-Será que
você não percebeu ainda?
-Percebi
o quê?
- Perguntou esfregando os olhos.
-Que eu
estou a fim de você.
Com minha mão direita
puxei sua cabeça para próxima de mim, unindo nossas bocas com um beijo molhado
e coberto de afagos. Que delícia! Correspondendo à minha atitude, ele me
abraçou, colando nossos corpos ainda mais um ao outro. Aquela foi a única
maneira que pensei para dar a volta por cima, e por sorte deu certo.
Respirar estava se
tornando cada vez mais difícil, tamanha era a intensidade do clima que ia se
formando. Seu beijo encaixou-se perfeitamente com o meu. Sua língua úmida e
macia circulava dentro da minha boca em sentido horário, vasculhando cada
centímetro, como se estivesse à procura do tesouro perdido.
No momento em que eu
abri o zíper de sua calça ele recuou dizendo:
-Não... É
muito cedo ainda.
Segurei em seu braço
perguntando:
-Vou
poder te ver outra vez?
-A gente combina
de sair mais vezes.
-Olha...
Por favor, não me leve a mal... Gostaria que você me desse uma chance.
-Chance?
Aproximei-me lentamente enquanto dizia.
-Sim...
Estou te curtindo e gostaria de pertencer um pouco mais de sua vida.
-Posso te
pedir uma coisa?
-Claro...
-Vamos
com calma.
-Acha que
estou indo rápido demais?
-Existe
momento certo pra tudo.
-Tudo
bem... Antes de você ir... Posso te dar outro beijo?
Sua resposta foi
silenciosa, agarrando-me e tapando minha boca com a sua, em um curto e profundo
beijo de língua. Assim terminou nossa noite, apenas com beijos de casal
apaixonado, enquanto isso eu ficava na seca sufocante, querendo subir pelas
paredes de tanto tesão.
Próximo capítulo: | O plano perverso |
Dia 10/03
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