segunda-feira, 11 de julho de 2016

O QUE OLHOS NÃO VEEM - CAPÍTULO 5


        Algumas semanas se passaram. Já estávamos na metade do semestre, e o primeiro ciclo de provas começava a se aproximar. Acordei angustiado em uma manhã de quarta feira. Após arrumar o cabelo, desci para tomar café da manhã com minha mãe.
            Sentei-me ao seu lado e enquanto cortava um pedaço de bolo questionei:
-Aconteceu alguma coisa, mãe?
-Não... Por quê?
-Tenho notado certa tristeza em seu olhar.
-Tristeza?
-É... E não é de agora.
-Impressão sua, Rustom.
-Mãe, está acontecendo alguma coisa que você quer contar?
-Não, querido... Está tudo bem.
-Tá bom... Caso queira me dizer, vou estar sempre disposto a te ouvir.
            Levantando-se da mesa ela falou:
-Vou buscar minha bolsa no quarto para sairmos.
-E eu vou escovar meus dentes enquanto isso.
-Não demore.
-Tá.
            Escovei os dentes rapidamente e fui esperá-la no carro. Minha mãe estava diferente, melancólica, embora tentasse disfarçar era perceptível seu estado emocional abalado.
            Seguimos calados pela Marginal até que eu, incomodado, questionei:
-Podemos almoçar juntos hoje?
-Hoje?
-Sim...
-Tudo bem.
-Assim que eu sair da faculdade eu te encontro no shopping.
-Por que no shopping?
-Porque sim, ué.
-Mas Rustom, nós podemos almoçar na lanchonete...
-Não... Prefiro em outro lugar.
-Tá... Então eu passo na faculdade para te buscar.
-Ótimo!
            Despedimo-nos com um beijo no rosto e segui para a aula. Fechei a porta do carro, arrumei a mochila nas costas e segui em direção à escada rolante.
            Cheguei um pouco atrasado, pois o trânsito estava parado. No segundo andar, a escada rolante estava em manutenção, com isso tive que ir até o hall pegar o elevador. Enquanto aguardava notei certa movimentação de seguranças fora do comum.
            Já no sétimo andar, caminhava em direção à sala de aula, quando avistei metade dos alunos tumultuando o corredor.
            Ao me ver chegando, a Soraia correu até mim e ofegante ela disse:
-Tom... Ainda bem que você chegou...
-Por quê? O que houve?
-O Emílio...
-Fala logo?
-O Emílio mordeu a Jéssica.
-Mordeu? Como?
-O pessoal diz que ele teve um ataque de fúria...
-Cadê o Cauê?
-Está na coordenação.
-Na coordenação?
-É...
            Dei meia volta e segui para a coordenação. Correndo a Soraia tentava me acompanhar perguntando:
-Tom... Aonde você vai?
-Vou ver como ele está...
-Mas pediram que apenas as testemunhas comparecessem.
-E você acha que eu vou deixar de apoiá-lo no momento em que mais precisa de mim?
-Eu vou com você.
-Então vamos.
            Chegando à reitoria havia dois seguranças na porta. Ao tentar entrar fui logo impedido por um deles.
-Pode falar?
-Eu preciso entrar...
-No momento não é possível.
-É possível sim... Eu sou testemunha do caso do cachorro.
-Tudo bem, entre.
            Caminhei por um curto corredor até avistar o Cauê, sentado em um banco, isolado, chorando calado. Segui em sua direção e ele logo percebeu minha presença:
-Tom?
-Sim, sou eu, amor.
            Dei-lhe um abraço.
-Tom... Querem tirar o Emilio de mim.
-Por quê?
-Porque estão dizendo que ele mordeu a Jéssica.
-E ele mordeu?
-Não sei...
            Com os braços cruzados e a cabeça pendida, a Soraia falou:
-Ele chegou a morder sim.
-Mas o Emílio não é de morder ninguém...
            Acariciando sua face concordei:
-Eu sei... Essa história está muito mal contada...
            Sentada ao lado do Cauê a Soraia perguntou:
-Cadê seu cachorro?
-Não sei onde o Emílio está...
            Revoltado, questionei:
-E por que você está aqui cercado como se fosse um criminoso? Vamos procurar o Emílio...
-Mas eu não posso sair daqui, estou esperando minha mãe trazer a carteirinha de vacinação dele.
-Está bem. Vou ficar aqui com você então.
-Não... Volte para a sala e tente descobrir o que realmente aconteceu.
-Mas Cauê...
-Por favor, Tom?
-Está bem. Qualquer coisa me avisa.
-Pode deixar. Vamos, Soraia.
-Vamos!
-Tchau.
-Tchau.
            Deixei a reitoria e voltei para a sala de aula. Seguindo em direção ao sanitário a Soraia falou:
-Eu vou ao banheiro...
-Tudo bem.
            O professor já explicava a matéria posta à lousa. Sentei-me à cadeira e comecei a copiar ao mesmo tempo em que ele falava. Olhando-me diferente a Cátia e a Bruna entraram na sala, seguindo para suas respectivas cadeiras.
            Pouco tempo depois chegou a Soraia, aflita. Após sentar-se na carteira atrás de mim ela tocou em meu ombro dizendo:
-Tom...
-Sim?
-Preciso te contar uma coisa...
            Virei-me de frente para ela.
-Diga?
            Sussurrando ela começou a falar:
-Eu estava no banheiro, com a porta do box fechada eu só ouvi as vozes...
-Fale logo, estou ficando irritado.
-É que eu ouvi a Bruna e a Cátia comentarem no banheiro que o Emílio mordeu a Jéssica de propósito...
-De propósito? Como assim?
-É... Não entendo o motivo, mas parece que ela colocou o pé na frente do Cauê para ele cair...
-Maldita!
-Mas antes disse que ela sujou a carteira dele com tinta de caneta.
-Mas qual finalidade disso?
-Provavelmente o expor ao ridículo, já que o Cauê está de calça clara...
            Levantei-me da carteira e fui até a que o Cauê costumava sentar-se. Notei que realmente o assento de sua cadeira estava sujo de tinta fresca. Tirei meu celular do bolso e fotografei a prova. Guardei-o novamente e deixei a sala.
            Eu queria entender até onde iria tanta perversidade e o motivo dela. Uma pessoa que não fazia mal a ninguém, não havia motivo ou justificativa para tanta maldade.
            Segui para a enfermaria soltando fogo pelas ventas. Covardia me revoltava. Minha vontade naquele momento era de esfregar a cara da Jéssica naquele monte de tinta sobre a cadeira. Não demorou muito e a Soraia apareceu, correndo atrás de mim e chamando pelo meu nome:
-Tom... Tom... Espere...
-Não estou com tempo disponível para perder...
-Tom, você está nervoso... Precisa se acalmar...
-Acalmar? E se o Cauê caísse na escada? Você tem ciência de que ele poderia ter morrido?
-Que horror!
-Horror é essa violência provocada por jovens que esse país vem passando.
            Entrei na enfermaria e logo avistei a Jéssica, deitada sobre a maca de olhos fechados. Aproveitando que a enfermeira não estava, disse à Soraia enquanto fechava a porta:
-Vigie a porta.
-Tá.
            Percebendo minha presença na sala do ambulatório, a Jéssica abriu os olhos e surpresa exclamou:
-Rustom!
-Vim saber como você está...
            Com a maior falsidade ela se fez de vítima, achando que eu acreditaria em seu teatro amador:
-Obrigada! Estou bem, apesar de um pouco traumatizada.
-Traumatizada...
            Aproximei-me dela e toquei em seu pulso direito. Olhando em seus olhos eu o apertei e disse:
-Acha que tenho cara de trouxa para acreditar em você?
-Ai... Você está me machucando...
-Isso não é nada perto do que você merece... Deixe eu ver sua mão...
-O que tem minha mão?
            Peguei sua mão esquerda, e ao abri-la confirmei que estava sujo de tinta de caneta. Uma fúria enorme consumia-me por dentro. Soltei-a exclamando:
-Eu sabia!
-Sabia o quê?
-Se você pensa que vou deixar barato isso que você fez com o Cauê está muito enganada.
-O que você vai fazer? Me bater?
-Não posso, embora eu tenha vontade...
            Segurando à porta a Soraia disse:
-Mas eu posso...
-Cala essa boca, baleia Orca.
-Calma, Soraia... Não vale a pena perder a razão pagando na mesma moeda... Tenho ideia melhor.
            Ironizando a Jéssica falou:
-Nossa... Nem vou dormir à noite de tanto medo.
-Deboche o quanto quiser.
            Deixando a enfermaria, falei:
-Em breve você terá noticias minhas.
            A reação dela foi como eu já esperava, fazendo pouco caso da situação e menosprezando aqueles que julgam inferiores. Claro que não iria deixar barato, pois aqueles imbecis tinham que levar uma lição para aprender a nunca mais mexer com quem não conhece.
            Caminhava pelo corredor sentido o elevador quando a Soraia questionou:
-Onde você está indo, Tom?
-À coordenação.
            Enquanto aguardávamos ela desabafou:
-Por pouco eu não quebrei a cara daquela enjoada...
-Oportunidades não faltarão...
            Ao chegarmos à coordenação avistei o Cauê sentado no mesmo lugar, chorando, enquanto o outro coordenador do curso dava-lhe uma bronca:
-O seu cachorro colocou a vida de um aluno em risco. Você foi irresponsável em...
            Revoltado o interrompi:
-Mas o que é isso?
-Quem são vocês?
-Somos testemunhas de que o animal só mordeu a Jéssica para defender seu dono.
-Mas do que você está falando?
            Tirei o celular do bolso e mostrei a foto dizendo:
-Isso é o resultado de um ato de vandalismo e violência injustificável contra uma pessoa que não dispõe de condições físicas para defender-se sozinha.
            Após tirar parte de sua franja do olho a Soraia iniciou o relato sobre o fato.
-A Jéssica sujou a cadeira do Cauê com tinta de caneta para que ele se sentasse e marcasse sua roupa, e depois disso ela colocou o pé na frente do Cauê quando ele caminhava para a sala, foi nesse momento que o Emilio mordeu sua perna.
-Vocês tem como provar?
            Irritado, questionei:
-Olha, você me desculpe, mas a impressão que tenho é de que você não quer acreditar em nós. Há algum preconceito pelo fato do Cauê ser bolsista e deficiente?
-Não é bem assim...
-Isso é crime e nós podemos abrir um processo contra essa instituição.
-Você é muito arredio, rapaz.
-Não, apenas não gosto de injustiças e covardia. Agora, como aluno eu exijo que as imagens da dependência do prédio sejam examinadas.
            Percebendo que não estava lhe dando com nenhum leigo, parou para nos ouvir.
-Eu... Vou pedir para que chequem as filmagens...
-Ótimo. E quanto à criminosa?
-Quem?
-A aluna que agrediu nosso colega. Ela precisa ser punida, não acha?
-Primeiro precisamos comprovar a culpa...
-Considera pouca a imagem que te mostrei da cadeira toda suja?
-Qualquer outro aluno poderia ter feito aquilo...
-Pois então vá até a enfermaria e veja sua mão esquerda suja com a mesma tinta. Detalhe: ela é canhota.
            No mesmo instante ele dirigiu-se até a enfermaria para verificar a veracidade da informação que eu havia lhe passado. Fiz questão de acompanhá-lo e ver de perto sua cara após confirmar o que eu havia dito. Durante o caminho ele permaneceu calado, acompanhado por dois seguranças, utilizando as escadas ao invés do elevador.
            Ao entrarmos na enfermaria cruzamos com a Jéssica que já deixava o local acompanhada pela enfermeira. Trancando a porta o coordenador questionou:
-Aonde você ia?
            Tomando à frente a enfermeira respondeu:
-Ela será encaminhada para um hospital, precisa tomar a vacina antirrábica.
-Sim, mas antes quero conversar com ela.
-Desculpe, mas agora não estou muito bem para lembrar e falar sobre o horrível episódio com esse violento cão.
            Tirando a franja do olho eu respondi:
-O Emílio não é violento.
            Mostrando sua autoridade o coordenador pediu:
-Mostre sua mão esquerda, Jéssica.
            Sem graça, ela ficou sem reação.
-Mas... O que tem minha mão?
-Quero checar uma informação...
-Informação?... De que está falando?
-Você foi acusada de ter sabotado um assento...
-Mas que absurdo!
-Pode mostrar-me sua mão, por favor?
            Ao mesmo tempo em que a escondia, a Jéssica tentava argumentar:
-O que vocês estão querendo? Não vê que estou ferida? Abalada?
-Eu compreendo que a situação seja desagradável, mas preciso comprovar a veracidade das acusações.
-Nunca fui tão humilhada em toda minha vida...
            Irritado, caminhei até ela e peguei em seu braço, abrindo sua mão logo em seguida. Para minha surpresa sua mão estava limpa, sem nenhum resíduo de tinta.
            Confuso, questionei:
-Ué... Cadê a tinta?
            Antes que a Jéssica respondesse a enfermeira foi logo adiantando:
-Ela lavou a mão agora a pouco para tirar aquele monte de tinta.
-Cale a boca, sua enfermeira estúpida.
            Apertando seu braço o coordenador disse:
-Cale a boca você. Está pensando o quê?
-Isso é jeito de falar comigo? Eu pago seu salário...
-Lamento, mas em meu holerite não vem escrito seu nome. O seu dinheiro é investido em conhecimento que a faculdade lhe oferece, uma remuneração pelos serviços que são prestados. O fato de você pagar para utilizar nossas dependências e serviços não quer dizer que poderá fazer o que quiser sem ser advertida ou punida.
            Calada, ela o olhava espantada.
-Devido a todo esse ocorrido de hoje, eu peço que compareça amanhã em minha sala...
-Para quê?
-Quero conversar com você...
-Referente a...?
-A sua denuncia contra o cão-guia do Cauê Proença.
-Tudo que eu tinha a dizer já disse, não vou ficar repetindo a mesma coisa um milhão de vezes.
-Não será necessário repetir novamente, apenas quero conversar com você.
-Está bem, amanhã antes da aula eu passo na coordenação.
-Obrigado.
            Passamos a manhã inteira envolvidos com aquele tumulto provocado pela Jéssica. Acabei nem assistindo aula, pois permaneci com o Cauê o tempo inteiro, dando força e carinho que era o que ele precisava naquele momento.
            No horário de saída minha mãe telefonou-me dizendo que já esperava por mim em frente ao campus. Despedi-me do Cauê e de sua mãe que já havia chego e saí. Abria a porta do carro quando minha mãe reclamava:
-Nossa... Que demora...
-É que aconteceu algo meio chato hoje...
-O que houve?
-Uma aluna tentou agredir o Cauê e o cão-guia dele mordeu ela.
-Mas agredir por quê?
-Por maldade. Só porque ele é cego.
-Que horror! E não fizeram nada com essa aluna?
-Ainda não sei o que vai acontecer com ela. Acredita que o coordenador estava quase expulsando o Cauê da universidade?
-Sem verificar as duas partes?
-É... Na verdade foi uma demonstração clara de preconceito.
-Porque ele é cego?
-Também, além de ser bolsista.
            Chegamos à churrascaria. Desci do carro primeiro, enquanto minha mãe pegava sua bolsa e procurava seu anel que deixara cair ao puxar o freio de mão. Após entregar a chave para o manobrista, cruzamos a porta e caminhamos em direção à uma mesa ao lado da janela, com vista para a Marginal.
            Sentei-me à cadeira. Após um suspiro minha mãe perguntou:
-Já quer pedir as bebidas?
-Pede pra mim. Eu vou pegar um pouco de risoto de camarão...
            Eu já havia levantando-me da cadeira quando ela questionou:
-O que você vai querer beber?
-Pode pedir um guaraná.
-Tá bom.
            Peguei um prato e fui até o Buffet que ficava embaixo de um lindo e enorme aquário azul. Segurando os talheres e o prato acabei me entretendo com os enormes peixes que nadavam lentamente.
            A churrascaria era ótima. A mobília feita de madeira bem trabalhada, cadeiras confortáveis, e nas janelas havia cortinas claras que combinavam com as paredes texturizadas. O que eu mais gostava era da mesa de sobremesas que ficavam perto da cascata d'água, ao lado do aquário. Era uma mais gostosa que a outra, e sempre quando eu e minha mãe íamos, eu pedia para embrulharem alguma que não conseguia terminar de comer.
            Peguei um pouco de salada, batata palha e o risoto de camarão, em seguida voltei à mesa. Coloquei o prato sobre a mesa. Levantando-se da cadeira minha mãe disse:
-O rapaz já vai trazer nossas bebidas. Eu vou pegar um pouco de salada e já volto.
-Certo.
            Enquanto ela se servia, o garçom nos trouxe as bebidas. Após abrir a lata, despejou o refrigerante dentro do copo para mim, que já veio com uma fina rodela de limão e duas pedras de gelo.
            Dei a primeira garfada no arroz, logo em seguida minha mãe voltou à mesa dizendo:
-Hum... Essa salada de berinjela está com uma cara ótima...
-Eu percebi, mas vou deixar para depois.
-Isso aqui é sal?
-Deixa eu ver...  Não, é açúcar.
-Ah!... Esse aqui é o sal... O sache é menor...
-Mãe...
-Hum?
-Há dias eu venho notado em você um comportamento estranho.
-Comportamento estranho em mim?
-O que está acontecendo?
-Nada, meu querido...
-Como nada? Você está estranha... Se abra comigo...
            Nesse momento tirei seus óculos escuros e vi o hematoma roxo próximo ao seu olho. Fiquei abismado. Constrangida ela tentava esconder, calada, sentindo vergonha de si mesma.
-O que é isso no seu olho?
            Pegando seus óculos da minha mão, suspirou agoniada sem nada dizer. Apenas o barulho do talher tocando o prato soava. Agoniado questionei novamente:
-Responda... O que foi isso no seu olho? Aquele mal amado te bateu outra vez?
-Ele não teve culpa... Estávamos discutindo e sem querer ele me empurrou e eu caí...
-Como da outra vez?... Para de tentar amenizar a situação... Ninguém empurra ninguém sem querer...
            Cabisbaixa ela não disse nada.
-Você precisa ir a uma delegacia prestar queixa.
-Não!
-Como não? Isso não pode ficar assim...
-Eu já falei, foi um acidente...
-É difícil acreditar, sabia?
            Silêncio.
-Esquece isso, Tom.
-Não dá pra esquecer... Mas de qualquer forma, não posso lhe obrigar a nada.
            Toquei em sua mão.
-Promete que se ele tocar em você novamente, irá me avisar?
            Fazendo sinal com a cabeça ela confirmou, assim continuamos nosso almoço. Há anos eu não via minha mãe sorrir de verdade, se olhar no espelho e se sentir mulher ao invés de um objeto.

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