Algumas semanas se
passaram. Já estávamos na metade do semestre, e o primeiro ciclo de provas
começava a se aproximar. Acordei angustiado em uma manhã de quarta feira. Após
arrumar o cabelo, desci para tomar café da manhã com minha mãe.
Sentei-me ao seu lado e enquanto cortava um pedaço de
bolo questionei:
-Aconteceu alguma coisa,
mãe?
-Não... Por quê?
-Tenho notado certa
tristeza em seu olhar.
-Tristeza?
-É... E não é de agora.
-Impressão sua, Rustom.
-Mãe, está acontecendo
alguma coisa que você quer contar?
-Não, querido... Está tudo
bem.
-Tá bom... Caso queira me
dizer, vou estar sempre disposto a te ouvir.
Levantando-se da mesa ela falou:
-Vou buscar minha bolsa no
quarto para sairmos.
-E eu vou escovar meus
dentes enquanto isso.
-Não demore.
-Tá.
Escovei os dentes rapidamente e fui esperá-la no carro.
Minha mãe estava diferente, melancólica, embora tentasse disfarçar era
perceptível seu estado emocional abalado.
Seguimos calados pela Marginal até
que eu, incomodado, questionei:
-Podemos almoçar juntos
hoje?
-Hoje?
-Sim...
-Tudo bem.
-Assim que eu sair da
faculdade eu te encontro no shopping.
-Por que no shopping?
-Porque sim, ué.
-Mas Rustom, nós podemos
almoçar na lanchonete...
-Não... Prefiro em outro
lugar.
-Tá... Então eu passo na
faculdade para te buscar.
-Ótimo!
Despedimo-nos com um beijo no rosto e segui para a aula.
Fechei a porta do carro, arrumei a mochila nas costas e segui em direção à
escada rolante.
Cheguei um pouco atrasado, pois o trânsito estava parado.
No segundo andar, a escada rolante estava em manutenção, com isso tive que ir
até o hall pegar o elevador. Enquanto aguardava notei certa movimentação
de seguranças fora do comum.
Já no sétimo andar, caminhava em direção à sala de aula,
quando avistei metade dos alunos tumultuando o corredor.
Ao me ver chegando, a Soraia correu até mim e ofegante
ela disse:
-Tom... Ainda bem que você
chegou...
-Por quê? O que houve?
-O Emílio...
-Fala logo?
-O Emílio mordeu a
Jéssica.
-Mordeu? Como?
-O pessoal diz que ele
teve um ataque de fúria...
-Cadê o Cauê?
-Está na coordenação.
-Na coordenação?
-É...
Dei meia volta e segui para a coordenação. Correndo a
Soraia tentava me acompanhar perguntando:
-Tom... Aonde você vai?
-Vou ver como ele está...
-Mas pediram que apenas as
testemunhas comparecessem.
-E você acha que eu vou
deixar de apoiá-lo no momento em que mais precisa de mim?
-Eu vou com você.
-Então vamos.
Chegando à reitoria havia dois seguranças na porta. Ao
tentar entrar fui logo impedido por um deles.
-Pode falar?
-Eu preciso entrar...
-No momento não é
possível.
-É possível sim... Eu sou
testemunha do caso do cachorro.
-Tudo bem, entre.
Caminhei por um curto corredor até avistar o Cauê,
sentado em um banco, isolado, chorando calado. Segui em sua direção e ele logo
percebeu minha presença:
-Tom?
-Sim, sou eu, amor.
Dei-lhe um abraço.
-Tom... Querem tirar o
Emilio de mim.
-Por quê?
-Porque estão dizendo que
ele mordeu a Jéssica.
-E ele mordeu?
-Não sei...
Com os braços cruzados e a cabeça
pendida, a Soraia falou:
-Ele chegou a morder sim.
-Mas o Emílio não é de
morder ninguém...
Acariciando sua face concordei:
-Eu sei... Essa história
está muito mal contada...
Sentada ao lado do Cauê a Soraia
perguntou:
-Cadê seu cachorro?
-Não sei onde o Emílio
está...
Revoltado, questionei:
-E por que você está aqui
cercado como se fosse um criminoso? Vamos procurar o Emílio...
-Mas eu não posso sair
daqui, estou esperando minha mãe trazer a carteirinha de vacinação dele.
-Está bem. Vou ficar aqui
com você então.
-Não... Volte para a sala
e tente descobrir o que realmente aconteceu.
-Mas Cauê...
-Por favor, Tom?
-Está bem. Qualquer coisa
me avisa.
-Pode deixar. Vamos,
Soraia.
-Vamos!
-Tchau.
-Tchau.
Deixei a reitoria e voltei para a sala de aula. Seguindo
em direção ao sanitário a Soraia falou:
-Eu vou ao banheiro...
-Tudo bem.
O professor já explicava a matéria posta à lousa.
Sentei-me à cadeira e comecei a copiar ao mesmo tempo em que ele falava.
Olhando-me diferente a Cátia e a Bruna entraram na sala, seguindo para suas
respectivas cadeiras.
Pouco tempo depois chegou a Soraia, aflita. Após
sentar-se na carteira atrás de mim ela tocou em meu ombro dizendo:
-Tom...
-Sim?
-Preciso te contar uma
coisa...
Virei-me de frente para ela.
-Diga?
Sussurrando ela começou a falar:
-Eu estava no banheiro,
com a porta do box fechada eu só ouvi as vozes...
-Fale logo, estou ficando
irritado.
-É que eu ouvi a Bruna e a
Cátia comentarem no banheiro que o Emílio mordeu a Jéssica de propósito...
-De propósito? Como assim?
-É... Não entendo o
motivo, mas parece que ela colocou o pé na frente do Cauê para ele cair...
-Maldita!
-Mas antes disse que ela
sujou a carteira dele com tinta de caneta.
-Mas qual finalidade
disso?
-Provavelmente o expor ao
ridículo, já que o Cauê está de calça clara...
Levantei-me da carteira e fui até a que o Cauê costumava
sentar-se. Notei que realmente o assento de sua cadeira estava sujo de tinta
fresca. Tirei meu celular do bolso e fotografei a prova. Guardei-o novamente e
deixei a sala.
Eu queria entender até onde iria tanta perversidade e o
motivo dela. Uma pessoa que não fazia mal a ninguém, não havia motivo ou
justificativa para tanta maldade.
Segui para a enfermaria soltando fogo pelas ventas.
Covardia me revoltava. Minha vontade naquele momento era de esfregar a cara da
Jéssica naquele monte de tinta sobre a cadeira. Não demorou muito e a Soraia
apareceu, correndo atrás de mim e chamando pelo meu nome:
-Tom... Tom... Espere...
-Não estou com tempo
disponível para perder...
-Tom, você está nervoso...
Precisa se acalmar...
-Acalmar? E se o Cauê
caísse na escada? Você tem ciência de que ele poderia ter morrido?
-Que horror!
-Horror é essa violência
provocada por jovens que esse país vem passando.
Entrei na enfermaria e logo avistei a Jéssica, deitada
sobre a maca de olhos fechados. Aproveitando que a enfermeira não estava, disse
à Soraia enquanto fechava a porta:
-Vigie a porta.
-Tá.
Percebendo minha presença na sala do ambulatório, a
Jéssica abriu os olhos e surpresa exclamou:
-Rustom!
-Vim saber como você
está...
Com a maior falsidade ela se fez de vítima, achando que
eu acreditaria em seu teatro amador:
-Obrigada! Estou bem,
apesar de um pouco traumatizada.
-Traumatizada...
Aproximei-me dela e toquei em seu pulso direito. Olhando
em seus olhos eu o apertei e disse:
-Acha que tenho cara de
trouxa para acreditar em você?
-Ai... Você está me
machucando...
-Isso não é nada perto do
que você merece... Deixe eu ver sua mão...
-O que tem minha mão?
Peguei sua mão esquerda, e ao abri-la confirmei que
estava sujo de tinta de caneta. Uma fúria enorme consumia-me por dentro.
Soltei-a exclamando:
-Eu sabia!
-Sabia o quê?
-Se você pensa que vou
deixar barato isso que você fez com o Cauê está muito enganada.
-O que você vai fazer? Me
bater?
-Não posso, embora eu
tenha vontade...
Segurando à porta a Soraia disse:
-Mas eu posso...
-Cala essa boca, baleia
Orca.
-Calma, Soraia... Não vale
a pena perder a razão pagando na mesma moeda... Tenho ideia melhor.
Ironizando a Jéssica falou:
-Nossa... Nem vou dormir à
noite de tanto medo.
-Deboche o quanto quiser.
Deixando a enfermaria, falei:
-Em breve você terá
noticias minhas.
A reação dela foi como eu já esperava, fazendo pouco caso
da situação e menosprezando aqueles que julgam inferiores. Claro que não iria
deixar barato, pois aqueles imbecis tinham que levar uma lição para aprender a
nunca mais mexer com quem não conhece.
Caminhava pelo corredor sentido o
elevador quando a Soraia questionou:
-Onde você está indo, Tom?
-À coordenação.
Enquanto aguardávamos ela desabafou:
-Por pouco eu não quebrei
a cara daquela enjoada...
-Oportunidades não
faltarão...
Ao chegarmos à coordenação avistei o Cauê sentado no
mesmo lugar, chorando, enquanto o outro coordenador do curso dava-lhe uma
bronca:
-O seu cachorro colocou a
vida de um aluno em risco. Você foi irresponsável em...
Revoltado o interrompi:
-Mas o que é isso?
-Quem são vocês?
-Somos testemunhas de que
o animal só mordeu a Jéssica para defender seu dono.
-Mas do que você está
falando?
Tirei o celular do bolso e mostrei a foto dizendo:
-Isso é o resultado de um
ato de vandalismo e violência injustificável contra uma pessoa que não dispõe
de condições físicas para defender-se sozinha.
Após tirar parte de sua franja do olho a Soraia iniciou o
relato sobre o fato.
-A Jéssica sujou a cadeira
do Cauê com tinta de caneta para que ele se sentasse e marcasse sua roupa, e
depois disso ela colocou o pé na frente do Cauê quando ele caminhava para a
sala, foi nesse momento que o Emilio mordeu sua perna.
-Vocês tem como provar?
Irritado, questionei:
-Olha, você me desculpe,
mas a impressão que tenho é de que você não quer acreditar em nós. Há algum
preconceito pelo fato do Cauê ser bolsista e deficiente?
-Não é bem assim...
-Isso é crime e nós
podemos abrir um processo contra essa instituição.
-Você é muito arredio,
rapaz.
-Não, apenas não gosto de
injustiças e covardia. Agora, como aluno eu exijo que as imagens da dependência
do prédio sejam examinadas.
Percebendo que não estava lhe dando com nenhum leigo,
parou para nos ouvir.
-Eu... Vou pedir para que chequem
as filmagens...
-Ótimo. E quanto à
criminosa?
-Quem?
-A aluna que agrediu nosso
colega. Ela precisa ser punida, não acha?
-Primeiro precisamos
comprovar a culpa...
-Considera pouca a imagem
que te mostrei da cadeira toda suja?
-Qualquer outro aluno
poderia ter feito aquilo...
-Pois então vá até a
enfermaria e veja sua mão esquerda suja com a mesma tinta. Detalhe: ela é
canhota.
No mesmo instante ele dirigiu-se até a enfermaria para
verificar a veracidade da informação que eu havia lhe passado. Fiz questão de
acompanhá-lo e ver de perto sua cara após confirmar o que eu havia dito.
Durante o caminho ele permaneceu calado, acompanhado por dois seguranças,
utilizando as escadas ao invés do elevador.
Ao entrarmos na enfermaria cruzamos com a Jéssica que já
deixava o local acompanhada pela enfermeira. Trancando a porta o coordenador
questionou:
-Aonde você ia?
Tomando à frente a enfermeira respondeu:
-Ela será encaminhada para
um hospital, precisa tomar a vacina antirrábica.
-Sim, mas antes quero
conversar com ela.
-Desculpe, mas agora não
estou muito bem para lembrar e falar sobre o horrível episódio com esse
violento cão.
Tirando a franja do olho eu respondi:
-O Emílio não é violento.
Mostrando sua autoridade o coordenador pediu:
-Mostre sua mão esquerda,
Jéssica.
Sem graça, ela ficou sem reação.
-Mas... O que tem minha
mão?
-Quero checar uma
informação...
-Informação?... De que
está falando?
-Você foi acusada de ter
sabotado um assento...
-Mas que absurdo!
-Pode mostrar-me sua mão,
por favor?
Ao mesmo tempo em que a escondia, a Jéssica tentava
argumentar:
-O que vocês estão
querendo? Não vê que estou ferida? Abalada?
-Eu compreendo que a
situação seja desagradável, mas preciso comprovar a veracidade das acusações.
-Nunca fui tão humilhada
em toda minha vida...
Irritado, caminhei até ela e peguei em seu braço, abrindo
sua mão logo em seguida. Para minha surpresa sua mão estava limpa, sem nenhum
resíduo de tinta.
Confuso, questionei:
-Ué... Cadê a tinta?
Antes que a Jéssica respondesse a enfermeira foi logo
adiantando:
-Ela lavou a mão agora a
pouco para tirar aquele monte de tinta.
-Cale a boca, sua
enfermeira estúpida.
Apertando seu braço o coordenador disse:
-Cale a boca você. Está
pensando o quê?
-Isso é jeito de falar
comigo? Eu pago seu salário...
-Lamento, mas em meu
holerite não vem escrito seu nome. O seu dinheiro é investido em conhecimento
que a faculdade lhe oferece, uma remuneração pelos serviços que são prestados.
O fato de você pagar para utilizar nossas dependências e serviços não quer
dizer que poderá fazer o que quiser sem ser advertida ou punida.
Calada, ela o olhava espantada.
-Devido a todo esse
ocorrido de hoje, eu peço que compareça amanhã em minha sala...
-Para quê?
-Quero conversar com
você...
-Referente a...?
-A sua denuncia contra o
cão-guia do Cauê Proença.
-Tudo que eu tinha a dizer
já disse, não vou ficar repetindo a mesma coisa um milhão de vezes.
-Não será necessário
repetir novamente, apenas quero conversar com você.
-Está bem, amanhã antes da
aula eu passo na coordenação.
-Obrigado.
Passamos a manhã inteira envolvidos com aquele tumulto
provocado pela Jéssica. Acabei nem assistindo aula, pois permaneci com o Cauê o
tempo inteiro, dando força e carinho que era o que ele precisava naquele
momento.
No horário de saída minha mãe telefonou-me dizendo que já
esperava por mim em frente ao campus. Despedi-me do Cauê e de sua mãe que já
havia chego e saí. Abria a porta do carro quando minha mãe reclamava:
-Nossa... Que demora...
-É que aconteceu algo meio
chato hoje...
-O que houve?
-Uma aluna tentou agredir
o Cauê e o cão-guia dele mordeu ela.
-Mas agredir por quê?
-Por maldade. Só porque
ele é cego.
-Que horror! E não fizeram
nada com essa aluna?
-Ainda não sei o que vai
acontecer com ela. Acredita que o coordenador estava quase expulsando o Cauê da
universidade?
-Sem verificar as duas
partes?
-É... Na verdade foi uma
demonstração clara de preconceito.
-Porque ele é cego?
-Também, além de ser
bolsista.
Chegamos à churrascaria. Desci do carro primeiro,
enquanto minha mãe pegava sua bolsa e procurava seu anel que deixara cair ao
puxar o freio de mão. Após entregar a chave para o manobrista, cruzamos a porta
e caminhamos em direção à uma mesa ao lado da janela, com vista para a
Marginal.
Sentei-me à cadeira. Após um suspiro minha mãe perguntou:
-Já quer pedir as bebidas?
-Pede pra mim. Eu vou
pegar um pouco de risoto de camarão...
Eu já havia levantando-me da cadeira
quando ela questionou:
-O que você vai querer
beber?
-Pode pedir um guaraná.
-Tá bom.
Peguei um prato e fui até o Buffet que ficava
embaixo de um lindo e enorme aquário azul. Segurando os talheres e o prato
acabei me entretendo com os enormes peixes que nadavam lentamente.
A churrascaria era ótima. A mobília feita de madeira bem
trabalhada, cadeiras confortáveis, e nas janelas havia cortinas claras que
combinavam com as paredes texturizadas. O que eu mais gostava era da mesa de
sobremesas que ficavam perto da cascata d'água, ao lado do aquário. Era uma
mais gostosa que a outra, e sempre quando eu e minha mãe íamos, eu pedia para
embrulharem alguma que não conseguia terminar de comer.
Peguei um pouco de salada, batata palha e o risoto de
camarão, em seguida voltei à mesa. Coloquei o prato sobre a mesa. Levantando-se
da cadeira minha mãe disse:
-O rapaz já vai trazer nossas
bebidas. Eu vou pegar um pouco de salada e já volto.
-Certo.
Enquanto ela se servia, o garçom nos trouxe as bebidas.
Após abrir a lata, despejou o refrigerante dentro do copo para mim, que já veio
com uma fina rodela de limão e duas pedras de gelo.
Dei a primeira garfada no arroz, logo em seguida minha
mãe voltou à mesa dizendo:
-Hum... Essa salada de
berinjela está com uma cara ótima...
-Eu percebi, mas vou
deixar para depois.
-Isso aqui é sal?
-Deixa eu ver... Não, é açúcar.
-Ah!... Esse aqui é o
sal... O sache é menor...
-Mãe...
-Hum?
-Há dias eu venho notado
em você um comportamento estranho.
-Comportamento estranho em
mim?
-O que está acontecendo?
-Nada, meu querido...
-Como nada? Você está
estranha... Se abra comigo...
Nesse momento tirei seus óculos escuros e vi o hematoma
roxo próximo ao seu olho. Fiquei abismado. Constrangida ela tentava esconder,
calada, sentindo vergonha de si mesma.
-O que é isso no seu olho?
Pegando seus óculos da minha mão, suspirou agoniada sem
nada dizer. Apenas o barulho do talher tocando o prato soava. Agoniado
questionei novamente:
-Responda... O que foi
isso no seu olho? Aquele mal amado te bateu outra vez?
-Ele não teve culpa...
Estávamos discutindo e sem querer ele me empurrou e eu caí...
-Como da outra vez?... Para
de tentar amenizar a situação... Ninguém empurra ninguém sem querer...
Cabisbaixa ela não disse nada.
-Você precisa ir a uma
delegacia prestar queixa.
-Não!
-Como não? Isso não pode
ficar assim...
-Eu já falei, foi um
acidente...
-É difícil acreditar,
sabia?
Silêncio.
-Esquece isso, Tom.
-Não dá pra esquecer...
Mas de qualquer forma, não posso lhe obrigar a nada.
Toquei em sua mão.
-Promete que se ele tocar
em você novamente, irá me avisar?
Fazendo sinal com a cabeça ela confirmou, assim continuamos
nosso almoço. Há anos eu não via minha mãe sorrir de verdade, se olhar no
espelho e se sentir mulher ao invés de um objeto.
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