sábado, 23 de julho de 2016

O QUE OLHOS NÃO VEEM - CAPITULO 7




Acordei com muita preguiça naquela manhã. Levantei, escovei os dentes, tomei banho e desci para tomar café, vestindo apenas um roupão. A mesa já estava pronta e minha mãe retirava uma torta do micro-ondas quando perguntei:
-O que é isso, mãe?
-Torta de maçã.
-Hum!
            Nesse momento o telefone tocou. Segui em direção à sala dizendo:
-Deixa que eu atendo...
            Ao pegar o telefone, chamei por duas vezes, mas ninguém respondeu, desligando logo em seguida.
-Alô?... Alô?
            Voltei à cozinha e sentei-me à mesa novamente. Pegando a jarra de suco na geladeira minha mãe perguntou:
-Quem era?
-Não sei... Não falou nada.
            Assustei-me com o barulho da jarra se quebrando ao chão.
-Nossa!... Está tudo bem?
-Ai, droga...
-O que houve?
-Acho que me distrai...
-Mãe... Fale a verdade, não foi só isso...
            Percebi que minha mãe havia ficado muito nervosa quando disse que ninguém havia respondido ao telefone.
-Tom... Vá se vestir para sairmos, se não você vai se atrasar.
-Mãe... Era ele, não é?
-Para...
-Fale? Era ele?
-Não sei... Acho que sim...
-Ele tem te ligado?
-Tom...
-Ele tem te ligado?
-Sim.
-E o que ele diz?
-Filho...
-Fale, mãe?
-Às vezes ele faz ameaças...
-Que tipo de ameaças?
-Ele... Diz que vai nos tirar tudo.
-Não acredite no que ele disser... Você é forte, mãe... Mesmo que ele queira, metade de tudo é nosso por direito legal...
            A intenção dele era fazer uma pressão psicológica, e claro que não era somente aquilo que ele estava ameaçando, pois eu tinha certeza que muito mais delitos havia ali, porém, minha mãe preferiu omitir, por vergonha talvez, mas independente do motivo eu iria descobrir.
-Mãe... Peça para que mudem o número do telefone...
-Não acho que seja necessário...
-Por favor, mãe.
-Tudo bem... Quando você voltar da faculdade, pode fazer isso por mim?
-Claro!
            Não toquei mais no assunto durante o caminho até a faculdade. Após deixar-me em frente ao campus ela seguiu para a lanchonete para trabalhar. Entrei na sala de aula e notei um certo tumulto, arrastando as carteiras para os lados e conversas em altas vozes.
            O professor começou a dividir a sala ao meio e iniciou um debate sobre cotas em universidades. Eu odiava quando ele promovia seus debates daquela forma, pois eu ou um dos “excluídos” sempre éramos alvos de alguma piada, e claro, naquele dia não seria diferente.
-Galera... Silêncio... Eu quero que vocês me digam a opinião de vocês com relação às cotas em universidades. Isso gera ou não preconceito? Dividam-se em dois grupos com vinte alunos cada um.
-A gente escolhe em qual grupo quer ficar?
-Pode escolher... Um grupo defenderá as cotas e o outro se manifestar contra...
-E qual será a favor?
-Isso eu vou escolher...
            Após um breve sorteio ele definiu que o grupo da esquerda seria a favor das cotas.
-Esse grupo aqui será contra, e esse a favor.
            Com uma caneta à mão, o Roberto, que ficou no grupo a favor das cotas iniciou dizendo:
-Essa questão é muito complicada, professor... Pode ser vista como preconceito se for vista apenas a questão das cotas isolada do propósito...
            De uma forma arrogante, a Amanda, que para variar estava no grupo que debatia contra, colocou sua opinião diante a sala:
-Eu acho que pobre já tem uma vida muito sofrida, não deveria fazer faculdade.
            Apoiando-se em sua mesa o professor questionou:
-Ué... Por quê?
-Não que eu seja preconceituosa, mas acho que existem coisas nessa vida que são feitas para determinados tipos de pessoas, e curso superior não foi criado para a classe proletariada.
            Até admiro a coragem que ela teve em expor sua radical opinião, porém, eu não ia deixar passar a oportunidade de mostrar o quanto sua vida era vazia. Pedi a palavra ao professor e retruquei sua afirmação:
-Mas depende da pobreza da qual você está se referindo, pois existem aquelas pessoas que são tão pobres, tão pobres, que só o que elas têm é dinheiro...
            Claro que ela entendeu que a indireta era pra ela, e decorrente a isso não respondeu mais nada, dando ao professor a palavra para prosseguir com o debate. Assim como a Amanda, toda a sala entendeu o recado, como a carapuça do saci.
            No horário do intervalo descemos eu, o Cauê e a Soraia para a praça de alimentação, pois a fome havia batido e um pequeno lanche naquele momento cairia muito bem.
            Sentamos à mesa, o Cauê comentou:
-Você foi demais, Tom!
-Por quê?
-Falou tão bonito... Me senti orgulhoso de você...
            Levantando-se da mesa a Soraia disse:
-Nossa, Tom!... Eu queria ter essa coragem que você tem...
-Parem com isso.
-Estou indo até a cantina. Alguém quer alguma coisa de lá?
-Eu quero um achocolatado, lindinha.
-E você, Cauê?
-Pode me trazer um pão de queijo?
-Claro! Volto logo.
            Após um curto suspiro o Cauê chamou-me atenção para a entrega do trabalho:
-Tom... A semana que vem temos que entregar aquele trabalho das duplas.
-É verdade! Eu havia esquecido...
-Podemos fazer no próximo sábado em minha casa, se vocês quiserem...
-Por mim tudo bem...
-Será que a Soraia irá topar?
-O que tem eu?
-Eu estava sugerindo ao Tom em fazer aquele trabalho das duplas em minha casa no próximo sábado. O que você acha?
-Eu adorei a ideia!
-Então fechou. Faremos o trabalho na minha casa.
-Ótimo! O que eu levo?
-Você já leve as pesquisas prontas da internet e o Tom leva as de revista... Em casa eu já tenho o código...
            Depois de tomarmos nosso lanche, voltamos à sala e continuamos assistindo à aula e participando do debate, porém, sem piadas ou picuinhas, pois todos já haviam entendido que nenhuma gracinha seria tolerada calado.
            No domingo minha mãe não foi trabalhar, pois não seria dia de folga dos empregados, sendo assim ela optou em descansar o final de semana em casa. Eu sempre a incentivei em não trabalhar aos finais de semana, pois haviam os empregados que cuidavam da lanchonete sem que minha mãe precisasse supervisionar, porém, sua mania de se sentir inútil estando em casa sem fazer nada lhe causava certo incomodo.
            Acordei por volta das oito horas da manhã, seguindo direto para o banho. O dia lá fora estava agradável, sol ameno e ventando moderadamente. Meus olhos ainda ardiam de sono, e ao lavar o rosto acabei molhando o cabelo, algo que eu não queria que acontecesse. Após juntar o material do trabalho e passar o perfume, desci a escada na ponta dos pés.
            Sai de casa rápido, nem tomei café para não ter que cruzar com minha mãe, pois acabaria enchendo-me de perguntas e eu não estava a fim de interrogatórios naquele dia.
            Caminhando pela rua eu ia pensando na montagem do trabalho, não vendo a hora de chegar lá e por em prática minhas ideias. Não que eu me considerasse o melhor, mas sempre defendi minhas ideias em tudo que fazia, mesmo que não fossem aproveitadas ou ouvidas, mas eu fazia questão de expor.
            Desci do metrô e peguei um ônibus até a casa do Cauê, pois eu não estava a fim de caminhar por dez minutos e chegar em sua casa suando, fedendo. Minha mochila estava pesada, mas não ao ponto de me incomodar, pelo contrário, o que mais me deixou sem graça foram os olhares das pessoas de espanto, tudo pelo meu jeito diferente de se vestir.
            Ao chegar ao portão de sua casa, toquei a campainha e aguardei alguém aparecer. Sua rua estava cheia de crianças brincando. Na casa ao lado, quatro garotas pulavam corda no quintal, e ao me ver parado na calçada uma delas falou:
-A Irene saiu...
            Após um suspiro profundo eu respondi:
-Obrigado!...
            Olhando-me torto, outra garota perguntou:
-Você é menino ou menina?
            Antes que eu respondesse uma delas disse:
-Ele é Emo, sua burra.
-Credo!... Ele é muito estranho...

"Essa semana uma girl (menina) perguntou se eu era roqueira, eu disse que sou Emo, e ela perguntou se eu era o capeta. Que ridículo!" (Prizinha, 15 anos, Salvador)

            Sinceramente eu nunca entendi essa “rejeição” com relação às pessoas que pertencem a tribo Emocore. Não pelo motivo de pertencer ao grupo, mas a falta de motivos ruins para que se veja os Emos de uma forma pejorativa. Depois de muito questionar e não encontrar respostas, cheguei a conclusão de que a felicidade alheia incomoda. A humanidade vem se tornando cada vez mais violenta, e os motivos são os mais estúpidos que se possa existir. Hoje em dia mata-se por um bilhete de ônibus, um relógio de pulso, ciúme do namorado, ou simplesmente por não ir com a cara do outro e vários outros motivos que se não justificam a violência.
            Espiando pela janela a Soraia exclamou:
-É o Tom!
            Dirigindo-se até o portão o Cauê caminhou como se fosse uma pessoa comum, sem precisar do auxílio do Emílio ou de sua vareta. Exibindo um leve sorriso ele disse:
-Que bom que você chegou!
-Por quê?
-Eu já estava com saudade...
-Que lindoooooo!
-Entre, amor!
            Ao entrar, duas crianças apoiaram-se ao portão e perguntaram:
-Cauê... Quem é esse menino estranho?
            Correndo, uma mulher aproximou-se dele, pegou pelo seu braço e falou:
-Eu já não te falei pra você não chegar perto... Isso não é coisa de Deus...
            Aquilo me deixou muito mal. Sem nada dizer, entramos pela porta da sala, e uma vontade enorme de chorar sem que eu pudesse controlar. Dando-me um abraço a Soraia disse:
-Puxa, Tom... Não fique assim... Que gente perversa!
-Tom... Não chore, por favor... Essa gente é malvada assim mesmo, não ligue...
-Tudo bem... Eu já deveria estar acostumado com isso.
-Jamais volte a dizer isso...
-Mas é verdade, Cauê.
-Você não deve aguentar o preconceito calado... Não foi isso que você me ensinou?
-Sim...
            Dando-me um abraço forte ele questionou sussurrando ao meu ouvido:
-Você confia em mim?
-Confio!
            Seguimos para a cozinha, juntamos todo o material e nos sentamos às cadeiras de madeira trabalhada. O silêncio se fez presente. Próximo à geladeira havia um relógio de parede em formato de gato, onde o tic-tac produzido pelo pêndulo tornou-se o único som por alguns instantes, até que o Cauê levantou-se da cadeira perguntando:
-Alguém quer suco?
            Colocando seus óculos a Soraia perguntou:
-Suco de quê?
-De maracujá.
-Eu quero!
-Foi minha mãe quem fez... Ela também já deixou almoço pronto para nós...
-Que delícia!
-É... Além de um bolo de laranja.
-Ai... Hoje vou sair daqui mais gorda do que já estou.
            Sua casa era simples, mas bem montada. Os azulejos da cozinha continham cerejas desenhadas, combinando com a enorme toalha que recobria sua mesa. De frente para a pia havia uma janela com vista para o quintal, por onde entrava uma deliciosa brisa fresca.
            Folheando as impressões que a Soraia havia levado, questionei:
-Soraia... Isso aqui é o texto bruto extraído da internet ou você resumiu?
-Não... Fiz uma resenha...
-Ah tá!
            Passamos a manhã inteira discutindo, resumindo e montando o trabalho. Não que o tema fosse difícil de ser tratado, porém, não poderíamos deixar margens ou aberturas para que nossas opiniões fossem contestadas, pois o que faz um bom advogado é seu poder de argumentação convincente.
            Antes mesmo de almoçarmos, a Soraia já havia comido seis fatias de bolo. Eu apenas observei calado, achando um exagero, mas não consegui me segurar quando a vi pegando o sétimo.
-Soraia... Você não acha que está comendo demais?
-Ai gente... Desculpem, mas é que está tão gostoso...
-Não que eu esteja me incomodando com o quanto você come, mas estou preocupado com sua saúde...
-Tom... Sinto vontade de comer sem ter fome, não acho que isso seja normal...
-Por que você não faz uma dieta?
-Eu vivo fazendo, mas nunca consigo emagrecer...
            Os sintomas mais comuns do transtorno do comer compulsivo são caracterizados por comer mesmo sem ter fome, dietas e uso de medicamentos contínuos para perca de peso, comer sozinho por sentir-se envergonhado da quantidade de comida ingerida, alteração frequente no peso, ingestão exagerada de alimentos, assaltar a geladeira durante as madrugadas.
            O que irá caracterizar se a pessoa possui o transtorno é a repetição de pelo menos dois episódios por semana conforme citados. Durante a ocorrência desses episódios, no mínimo três características devem estar presentes, tal como sentir-se culpado ou envergonhado após ter comido em grande quantidade, comer sozinho por sentir-se envergonhado da quantidade de comida ingerida, ingerir grandes quantidades de comida mesmo estando sem fome, assaltar a geladeira nas madrugadas, comer até se sentir desconfortável fisicamente, ingerir alimentos muito mais rápido que o normal.
-Alguém tira esse bolo da minha frente, por favor?
-Pegando a bandeja o Cauê falou:
-Deixa que eu tiro...
            Enquanto o Cauê guardava o que havia restado do bolo na geladeira a Soraia perguntou-me enquanto folheava um livro:
-Tom...
-Hum?
-O Cauê disse que você e ele...
-Nós o quê?
-Estão...
-Estamos o quê?
-Ficando?
            Tentando desculpar-se o Cauê disse:
-Foi sem querer, Tom... Escapou... Por favor, não fique bravo?
-Não há problema... Nós estamos ficando sim.
-Que gracinha!... Mas na verdade eu já sabia.
-Sabia?
-Claro... Naquele dia vocês se chamando de amor na frente de todos na coordenação...
-Nossa!... Eu nem percebi...
-Nem eu, Tom!... Saiu tão naturalmente...
            Dando um gole em seu suco a Soraia perguntou:
-Gente... Vocês viram aquele congresso que vai ter em Porto Alegre?
            Mordendo sua fatia de bolo o Cauê quis saber:
-Que congresso?
-Vai haver um congresso em julho lá em Porto Alegre, com palestras de profissionais da área judiciária e valerá como horas complementares.
-E qualquer um poderá participar?
-Não... Acho que tem duas vagas somente.
-Por sala?
-Não, é por universidade. Gente, vocês não viram o cartaz no mural da sala?
-Eu não reparei...
            Descontraído o Cauê falou:
-Eu também não vi.
            Todos rimos. Seguido de um breve suspiro, comentei:
-Eu tô precisando é de uma balada...
            Amarrando seu cabelo a Soraia disse:
-Se eu disser que nunca fui em uma balada, vocês acreditam?
-Eu acredito, pois também nunca fui.
-Sério que vocês dois nunca foram em uma balada?
-Qual é o problema?
-Calma, Soraia...
-Desculpe.
-Não tem problema... É que... Ai, eu sofro muito.
            Sem entender o Cauê perguntou:
-Com o que você sofre, Sô?
-Eu tenho medo de passar vergonha...
-Vergonha?
-É...
            Curioso, quis saber:
-O que aconteceu, miguxa?
-Ai Tom... As pessoas vivem me chamando de gorda, riem de mim... Uma vez eu fiquei a fim de um garoto e sofri muito, pois ele não me quis e disse pra todo mundo da escola que eu era muito gorda e feia.
-E o que você fez?
-Chorei.
-Você é uma burra...
-Ai, Tom!
-Mas é verdade... Você deveria se empenhar e mudar o jogo...
-Como?
-Mostrar a ele o que perdeu...
-Continuo sem entender.
-Faça um esforço, emagreça, e quando você estiver uma girl magérrima, passe por ele e esnobe...
-Será que eu consigo?
-Consegue sim...
            Ansioso o Cauê disse:
-Prometa pra gente então que você vai se inscrever no concurso de Miss?
-Ai gente, não exagere...
-O Cauê tem razão, Sô...
-Mas meninos... Eu não sei nem como faz pra participar disso... Além do mais, não tenho corpo nem beleza para...
-Para com isso. Você é linda, e quando emagrecer vai calar a boca daquela galera que te esnoba e te ridiculariza...
-Não sei...
-Promete que vai pensar?
-Prometo...
-Tive uma ideia!
-Qual, amor?
-Vou levar vocês para conhecer meus amigos...
-Sério, mor?
-Sim... E vou levá-los para conhecer uma balada.
-Quando?
-Pode ser hoje à noite...
-Eu topo, mô!... Mas você vai cuidar de mim, né?
-Claro...
-Bem... Então eu também topo, Tom.
-Você vai ver, Sô... Lá ninguém vai te olhar torto só porque você não pertence ao grupo de sarados...
-Espero que ninguém ria de mim...
-Isso não acontecerá... Bem... Vamos voltar a se concentrar no trabalho...
            Naquele dia cheguei em casa já eram quase quatro horas da tarde. Antes de ir tomar banho, entrei na internet para ver se a galera estava on-line, para assim avisá-los que iria levar duas pessoas comigo para conhecê-los.
            Sentado à cadeira, sem camisa, abria o navegador quando minha mãe entrou no quarto toda feliz dizendo:
-Tom... Sua tia Sandra ligou...
-E?...
-E está grávida.
-Sério?
-Sim... Finalmente ela conseguiu...
            A tia Sandra era uma das sete irmãs da minha mãe. Sendo dois anos mais nova, nunca conseguiu engravidar, e há três anos estava fazendo tratamento junto com seu marido para que o sonho de ser mãe se realizasse.
-Que notícia ótima, mãe!
-Amanhã nós iremos até lá visitá-la...
-Claro!
-Você... Vai sair?
-Sim...
-E vai passar à noite fora?
-Não pretendo... Irei levar o Cauê e a Soraia na balada. Acredita que eles nunca foram?
-Por quê?
-A Soraia disse que não foi por vergonha.
-Vergonha de quê?
-Por ser gorda.
-Coitada...
-É... Mas eu já disse pra ela que a minha turma não irá ridicularizá-la por conta disso.
-Bem... Pelo visto você não irá jantar em casa...
-Não... Só vou comer algo rápido antes de sair.
-Eu fiz pão de queijo hoje à tarde...
-Hummmmm... Adoroooooo!
            Encostando a porta ela disse:
-Eu vou ver um pouco de TV na sala.
-Tá bom.
            Da turma de amigos, apenas o Kico estava on-line. Ao conectar, fui logo chamando para conversar:

/// Srtº Tom \\\  diz: oie migow

----KiCo----  diz: oi fofinhu

/// Srtº Tom \\\  diz: td bein?

----KiCo----  diz: xim e vuxe?

/// Srtº Tom \\\  diz: to tb... vcs vaum lah hj?

----KiCo----  diz: num sei...

----KiCo----  diz: hj num to mt bein naum

/// Srtº Tom \\\  diz: o q vc tem?

----KiCo----  diz: to desanimadu

/// Srtº Tom \\\  diz: ah... para cum issu... e o namoru?

----KiCo----  diz: ki namoru?

/// Srtº Tom \\\  diz: vc e a debi num tava ficandu?

----KiCo----  diz: ixi... acabamu faix tempow...

/// Srtº Tom \\\  diz: q pena

----KiCo----  diz: bein... axu ki vo cum vc entaum

----KiCo----  diz: kem vai cum vuxe?

/// Srtº Tom \\\  diz: eu vo com doix amigu da facu

/// Srtº Tom \\\  diz: ker dize... uma miga e meu ficanti...

----KiCo----  diz: fexaduuuuu... a genti se encontra lah entaum

/// Srtº Tom \\\  diz: xertuuuuu

----KiCo----  diz: eu emo vuxe

/// Srtº Tom \\\  diz: bju

            Após desconectar fui tomar um banho. A galera costumava ir todo sábado à balada no bairro do Bom Retiro, aqui em São Paulo. Lá tem banda ao vivo, toca as músicas que a gente curte e ninguém nos importuna por sermos o que somos.




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