sexta-feira, 9 de março de 2012

Depoimento de uma mãe, cujo filho é vítima de Bullying

"Meu filho, Lucas, foi vítima de bullying no final de 2011 na escola  pública onde estuda. Por ser bonito, magro, sociável com todos, era chamado de viado, CDF, maricas, tudo por não querer participar das bagunças e complôs contra as outras salas. Como se não bastassem discriminar meu filho por optar em não fazer parte daquelas atitudes que ele próprio não achava correto, teve a lente direita de seus óculos sumariamente “furtada” por um dos colegas de sua sala que o ameaçou, dizendo que se meu filho o denunciasse, bem como os demais que participavam das brincadeiras de mau gosto, o Lucas apanharia até não aguentar mais. Chegaram ao ponto de ameaçar em ir em nossa casa. Achei inadmissível toda essa situação e dei um basta. Tive uma conversa séria com meu filho, que relatou tudo o que sofria na escola por parte dos colegas bagunceiros. Outro dia logo pela manhã fomos eu e meu filho até à secretaria da escola. Pedi para falar com a diretora que me ouviu apenas para cumprir uma formalidade, registrando o caso no livro de ocorrências. O mais importante que era tratar a questão do bullying e a perseguição que meu filho sofria na ocasião, ela nada fez, dizendo que iria apurar os fatos com os envolvidos e pedir a devolução da lente de seus óculos, o que também não ocorreu. Não me restou outra alternativa senão ir até à delegacia de polícia mais próxima registrar um boletim de ocorrência e citar todos os envolvidos, principalmente o colega de classe que furtou a lente dos óculos do Lucas. Eu e meu filho passamos por constrangimento, onde fomos submetidos a um estresse emocional muito grande com essa história, visto que precisei perder um dia de trabalho para resolver essa questão. O caso foi resolvido entre os pais do garoto que destruiu a lente dos óculos e eu, pois a escola se negou a participar da conciliação. Penso que tomei a atitude mais correta nesse caso porque defendi os direitos de um cidadão que precisa estudar e ter estrutura emocional para isso: meu filho. O bullying sempre existiu. Mesmo nos meus tempos de colégio, as brincadeiras, as piadas, tudo nos ferem, e ferir é a real intenção do bullying. Ferir sobretudo os direitos constitucionais, o que não admito e por isso mesmo levei a denúnica adiante registrando uma reclamação junto à Secretaria de Ensino de São Paulo devido a omissão e indiferença da Diretora. Meu filho continua estudando na mesma escola e, como é início de ano letivo, tudo parece tranquilo. Os colegas de classe parecem entrosados com ele, mas até quando? Não sei, mas espero não passarmos por isso novamente." - Luciana, mãe de Lucas - Aluno da 6ª série do Ensino Fundamental da Escola Municipal Monteiro Lobato, São Paulo.

Nenhum comentário: