sábado, 30 de janeiro de 2010

A tecnologia em favor da fé...

A tecnologia chegou pra todos! Com o avanço dos recursos, claro que a Divindade não poderia ficar de fora. Na imagem podemos ver uma vela, ou melhor, algumas velas elétricas. Você coloca uma moeda e uma vela acende para a pessoa ou santo desejado. É mole? Em breve poderemos também mandar um e-mail pra Nossa Senhora pedindo uma Graça, ou até se confessar com o padre pela webcam desfigurada, que tal? Toda vez que entro na Catedral da Sé, local onde essa máquina está localizada, aperta meu coração em ver tanto luxo decorando seu ambiente, enquanto diversos moradores de rua repousam em sua escadaria sem ter o que comer. Quando olho a imagem de Jesus na cruz, fico tentando imaginar onde ele guardaria tanto ouro, obras de arte, e outras riquezas reunidas pela igreja católica. Ainda questiono-me por que as igrejas estão cercadas por grades, alarmes e câmeras... E viva a tecnologia!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Rifa-se um coração

Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos, e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado, coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu... "não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que, abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente e, contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:
" O Senhor poder conferir", eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer".
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que, ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e, a ter a petulância
de se aventurar como poeta.

Clarice Lispector

domingo, 24 de janeiro de 2010

A Educação indo a falência !?

Há algumas semanas assisti uma reportagem com uma notícia que estou tentando entender até agora. O CEU (Centro Educacional Unificado) do bairro Jardim Romano foi invadido por vândalos no meio da madrugada e foi depredado. Não estamos falando de qualquer escola, mas sim de uma unidade com instalações de primeiro mundo, com capacidade para mais de mil vagas entre crianças e jovens, além de espaços como teatro, piscina, quadras e bibliotecas que podem ser utilizadas por toda a comunidade. As imagens eram terríveis. Colchões utilizados em aulas de educação física jogados na piscina e rasgados, o teto e paredes pintados com tintas utilizadas em aulas de arte, poltronas do teatro queimadas, armários arrebentados e materiais destruidos, livros, diários de classe, cozinha com comida espalhada por todo lado, computadores quebrados. Agora, fico me perguntando o que levou alguém a cometer tal "assassinato" com a Educação, a falta de consciência da importância de uma instituição de tal porte como esse. Em São Paulo existem mais de 40 estruturas como essa, sendo escolas de primeiro mundo para crianças que vivem em situação de terceiro mundo. Até agora ninguém foi pego nem denunciado pelo que fez, enquanto isso, nosso dinheiro será gasto para repor tudo aquilo que foi destruido simplesmente pela maldade.
Não sei o que acontece com esse país, onde as pessoas tratam o que é público como se não fosse de ninguém, quando não é verdade. Para construir uma estrutura como essa são gastos milhões de reais, que saem do bolso de todos nós. -"Ah... mas eu não pago imposto"! Não seja imbecil ao ponto de achar que os outros pagam por você. Qualquer coisa que você compre está incluido carga tributária, e ainda reclama depois: -"Nossa... Como o feijão ta caro!" Pois é, e você nem sabe quanto está pagando de imposto por ele, sabe por quê? Porque sua educação não permite, seu conhecimento é deficiente. Sabe como isso vai mudar? Com o aprendizado na escola, que por sinal é depredada. -"Em escola de rico isso não acontece..." Por que será?
O mês que vem as aulas recomeçam. Os filhos dos ricos irão para suas escolas tão bem equipadas quanto essa, porém, já os filhos dessas pessoas que moram na região da escola destruida...

Lu Mounier

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Os maracujas

Há algumas semanas vivi um inferno. Abandonados, percebi alguns maracujas e resolvi fazer um suco antes que estragassem. Nem todos estavam bons, pois um ou outro estava seco, sendo assim joguei os imprestáveis fora. Algum tempo depois ouvi uma discussão entre meu pai e mãe, tudo porque ele foi REVIRAR O LIXO assim que eu fiz o suco e criou um inferno porque eu "desperdicei" os maracujas DELE.
Agora, semanas depois, a situação dos maracujas são essas como a imagem mostra, onde foram todos para o lixo por apodrecerem aguardando que alguém os aproveitassem, e ninguém o fez. A hipocresia das pessoas é tanta que o tempo se encarrega de revelar. Se a desculpa pela confusão foi o "desperdício", onde está a coerência? Deixar as frutas apodrecerem enquanto pessoas passam fome?
Por esses e outros motivos que esse país ainda está onde está, porque as pessoas só pensam nelas mesmas.
Viva o "desperdício"!









quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Olha a chuva... Já passou!

Fazendo um comentário rápido, acabei de ver na TV o depoimento revoltado de uma moradora de um bairro próximo a um córrego que teve sua residência alagada. A mesma dizia que em bairro que mora rico não alaga. Por que será?
Talvez porque se você caminhas pelas calçadas dos bairros ricos você repara que eles não as cobrem de cimento, mas sim de grama e árvores; ou então porque nas ruas não se encontra nenhum resíduo de lixo nas ruas, muito menos nos bueiros; ainda tem o agravante dos caríssimos impostos que os ricos pagam, mas isso é o de menos. Basta irmos a escola para saber como acontece o processo da chuva, e que não chove menos ou mais em bairro rico. O que reflete em nossa rotina são resultados da educação das pessoas. Bairros imundos, cheios de lixos, mal cheirosos. O dinheiro não compra educação, pois tem muito rico malcriado por ai. Ao invés de ficar procurando um culpado, é bom que revejam seus conceitos, atitudes e hábitos em sua rotina. Ninguém está sozinho, e tudo que você faz vai refletir na vida do outro. O planeta é nosso, e não apenas seu.
De reclamações eu já estou cheio, quero ver atitude.

É possível confiar em alguém?

Essa nova experiência de trabalho vem me ensinando muita coisa. Conheci muitas pessoas, fiz bastante colegas, até comprei uma câmera semi-profissional com um vendedor camarada. Mas pensando num contexto geral, até que ponto as pessoas merecem tamanho evento do tamanho da Super Casas Bahia? Durante o tempo em que trabalhei no evento fiquei observando o comportamento das pessoas, e em certos momentos você passa a sentir vergonha de compactuar o mesmo espaço com pessoas tão sem educação quanto as que presenciei.
Certa vez uma família andava pelo Stand de ferramentas, a criança carregava um pacote de pipoca na mão, e como toda criança sem os princípios básicos da educação, acabou derrubando metade da pipoca sobre o carpete do Stand. A mãe, aos invés de recolher e dar o exemplo para a filha porque sujou onde estava limpo (atitude que se espera de qualquer pessoa digna), simplesmente exclamou: -Ai filha!... Pegando em sua mão e saindo rapidamente.
Como se não fosse o suficiente, enquanto a responsável pela faxinha não chegava, amontuei aquela sujeira no canto para que ninguém pisasse, pois é, mesmo vendo a sujeira espalhada ao chão as pessoas pisavam como se não houvesse nada. Depois de reunida em um canto, permaneci próximo para orientar a faxineira quando viesse limpar. Inacreditavelmente, um rapaz chega com seu filho de mãos dadas (o garoto deveria ter aproximadamente 9 anos de idade) e ao ver a pipoca no canto ele vai com os dois pés direto sobre elas. O que esperamos de um pai numa horas dessas? Nada... Porque tive eu que ir até o garoto e pedir para que não pisasse no LIXO como um selvagem. O pai saiu de cabeça baixa sem dizer NADA ao filho.
Essas foram algumas das situações que observei e presenciei. O que me deixa mais chateado é que esse tipo de coisa são protagonizadas por BRASILEIROS, os mesmos que reclamam que o país não vai pra frente, que falam mal do governo, que se corrempem por qualquer trocado, que jogam lixo nas ruas.
Furtaram 3 canetas minhas que estavam sobre a bancada, e detalhe, as canetas eram das mais ordinárias e comuns do mercado. No Stand de batedeiras, a promotora comentou que roubaram a espátula da batedeira e um botão da centrífuga. Também já levaram 2 garrafar de água minha, que estavam pela metade.
Fora essas situações "mínimas", a falta de educação das pessoas vai além de qualquer limite. Você diz "Boa tarde!" e as pessoas não respondem, olham de cara feia. Mexem em tudo, pedem para os vendedores tirarem tudo do lugar, e no final não compram nada. Tratam os funcionários como se fossem empregados, disponíveis para servi-los a todo momento. Sem falar no ônibus que leva do metrô ao evento, pessoas nojentas gritam com a cabeça pra fora, tiram da bolsa enormes pacotes de sagadinho de cebola com refrigerante de 5ª categoria e armam seu pic-nic (isso porque é proibido consumir alimentos e bebidas no interior dos ônibus).
Seriam detalhes isolados? Seriam, claro, mas quando paramos para observar mais de perto, enxergamos que essas pequenas atitudes refletem na situação do país em que estamos vivendo. Essa violência crescente, acidentes, mortes, tudo está relacionado quando desdobramos a ótica simples dos fatos. Essa sociedade egoísta que vem se tornando cada vez mais fechada, levará o país a uma guerra do "quem pode mais".
Faço minha parte, porque educação e respeito é o mínimo que uma pessoa digna tem que ter, isso é o que define o caráter, independente da classe social.