segunda-feira, 7 de março de 2016

LIVRO: PROFISSÃO AMANTE - CAPITULO 7





| Almoço em família |
  
Manhã de sábado. Dormia gostoso esparramado à cama, até a música do maldito telefone me acordar. Quase cai no chão de susto. Mal humorado, atendi já no oitavo toque, querendo mandar o infeliz pra puta que o pariu.
-Bom dia! Te acordei? - Perguntou o Leonardo com um sorriso na voz.
-O que você acha?
-Eu ligo mais tarde então.
-Não! Agora que já me acordou não adianta.
-Então tá.
-Que horas são? - Perguntei tentando manter os olhos abertos.
-Quase onze.
-Você passa aqui para me buscar?
-Está bem. Se apronte que em uma hora estou passando ai.
-Em meia hora eu já estou pronto.
-Ótimo! Passarei ai mais cedo então.
-Tudo bem.
-Beijo.
-Outro.
-Tchau.
Desliguei o telefone e fui tomar um banho morno. Olhei pela janela da sala e notei que o trânsito na Avenida Brigadeiro Faria Lima estava tranquilo. O dia estava agradável. Domingo ensolarado com poucas nuvens no céu.
Logo após sair do banho, vesti uma cueca, borrifando perfume no corpo antes de vestir a camisa e a calça.
Olhando-me ao espelho eu estilizava o cabelo, quando ouvi meu celular tocar. Corri até a sala para atendê-lo e com a mão melada de gel tentei segurá-lo.
-Alô?
-Estou te esperando aqui em frente.
-Tudo bem, já estou descendo.
Corri até o banheiro, lavei as mãos e fui calçar o tênis antes de sair de casa. Usando óculos de sol e uma regata branca, cruzei a porta principal e logo avistei seu carro parado em frente. Olhei de um lado para o outro antes de atravessar, caminhando a seu encontro.
-Demorei? - Perguntei debruçando-me à porta.
Olhando no relógio ele respondeu:
-Um pouco.
-É que eu tive que fazer a barba antes...
-Tudo bem. Agora a gente vai até a casa da minha ex-mulher buscar as crianças.
-Tá.
Coloquei o cinto de segurança e apoiei a cabeça no encosto do banco, pensando em como seria chato meu domingo rodeado de crianças insuportáveis gritando e brigando sem parar.
            Chegando à casa da Talita, comportei-me como se nunca a tivesse visto na vida, contrário dela que levou um susto ao me ver, deixando o Leonardo meio desconfiado.
-Bom dia! - Exclamou a Talita abrindo à porta.
-Bom dia. Vim buscar as crianças... - Disse o Leonardo entrando à sala.
-Elas já estão vindo. - Respondeu constrangida.
-Deixe eu te apresentar o Claus...
-Oi! - Saudei com um sorriso amarelo.
-Olá!
Sem graça ela me estendeu a mão. Confesso que a surpresa foi para ambos, mas no meu caso pude me preparar, pois fui informado com antecedência, contrário dela que só ficou sabendo quando avistou minha presença em sua sala.
            Condomínio de luxo, cheio de seguranças, fazia-me pensar estar em outro mundo, uma fortaleza. Seu apartamento era enorme, um por andar. A Talita morava na cobertura, quatro suítes, piscina privativa, de frente para o Parque do Ibirapuera. Só a sala deveria caber três apartamentos do flat que eu estava morando, tamanha imensidão.
A janela da sala estava aberta, permitindo acesso à grande varanda com churrasqueira, contrastando com as gigantescas árvores do parque ao fundo. O vento que entrava fazia dançar a cortina, que de tão branca chegava a doer os olhos.
Com cinismo e tom de ironia, a Talita perguntou ao Leonardo:
-Mais um de seus "amigos"?
-Não comece. - Respondeu caminhando lentamente em direção ao corredor dos dormitórios.
-E ainda tem a coragem de envolver nossos filhos nessa...
-Chega, Talita.
Nervoso, ele falou:
-Eu já volto, Claus.
-Tudo bem.
-Me acompanhe até a cozinha, Talita.
-Mas...
-Me acompanhe até a cozinha, por favor?
Enquanto os dois se trancaram na copa, encostei-me à porta para tentar ouvir. Provavelmente algum quebra-pau sairia, porque a cara que o Leonardo fez não era para muitos amigos.
-Você é louca de falar esse tipo de coisa na frente de um convidado meu?
-O convidado é seu, e não meu. Além disso, eu estou em minha casa, e não falei nada demais.
-Não seja cínica. Esse apartamento também é meu, não se esqueça.
-Você sabe muito bem que não gosto de envolver nossos filhos em...
-Em quê? Fala...
-Nessas suas safadezas.
-Safadezas? Quem é você pra falar de safadezas?
-Você não tem motivo algum pra duvidar da minha moral.
-Ora, Talita, não vamos discutir sobre ética agora. De certo você nem percebeu quando avistei você e o massoterapeuta da sua clínica transando em cima da mesa do seu consultório.
Caraca, mas que safada! Bem que desconfiei que a Talita tinha um passado podre, embora fizesse questão de manter toda aquela pose de mulher certinha, não passava de uma ordinária.
Quase engasgando, ela tentava justificar:
-Você... Vo... Cê...
-Aposto que por essa você não esperava.
-Você não vale nada, Leonardo.
-Jogue limpo, Talita. Crie vergonha na sua cara e haja com caráter pelo menos uma vez na vida.
Nesse momento ele abriu a porta da cozinha, despertando atenção nas crianças que chegavam à sala de mãos dadas com a babá carregando suas mochilas.
-Papai!
-Oh, vem dar um beijo no papai... - Disse o Leonardo abaixando-se a abrindo os braços.
A menina, que já tinha um pouco mais de idade, correu em direção a ele, enquanto o garoto, que era bem menor, caminhava abraçado a um urso de pelúcia.
-Estava com saudade do papai?
-Uhum...
-Cadê o meu beijo, Tu?
Fazendo um bico, o menino abraçou o pai, dando-lhe um beijo logo em seguida. Ao meu lado estava a Talita, que vendo aquela cena, resmungou:
-Teatro... Só porque você está aqui.
-Bem falso ele, não? - Comentei cruzando os braços.
-Muito.
Pegando na mão das crianças, o Leonardo falou:
-Bem, então vamos indo. Vão dar tchau pra mamãe...
Correndo em direção à porta, eles gritaram:
-Tchau, mamãe...
Soltando fogo pelos olhos, ela respondeu:
-Tchau.
Enquanto seus dois filhos tentavam abrir à porta da sala, a Talita fazia suas recomendações ao Leonardo:
-A Cláudia vai com vocês.
-Meus filhos não precisam de babá para almoçarem com o pai.
-Eu quero que ela vá, só assim ficarei tranquila.
-Está bem. Coloque eles no carro, Cláudia.
-Sim, senhor.
-Tchau, Talita. - Falei com um sorriso no canto esquerdo da boca.
-Tchau!
Entramos no carro e as crianças já estavam no banco de trás. Prendia meu cinto de segurança, quando o Leonardo perguntou á babá:
-Cláudia, você prendeu o cinto de segurança deles?
-Sim, senhor.
-Você checou se a cadeirinha do Artur está bem presa?
-Sim, já verifiquei tudo.
Pelo que eu pude perceber, todo um processo de segurança deveria ser seguido com aqueles pentelhos, informação preciosa que poderia me servir futuramente.
Seguimos pra casa do Leonardo, onde a empregada já havia preparado o almoço. Durante o caminho as crianças foram brincando com a babá no banco traseiro, enquanto íamos eu e o Leonardo nos bancos da frente, calados.
Bebendo um achocolatado de caixinha, a Giovana pediu:
-Cláudia... Depois você me ensina pintar com aquarela?
-Ensino sim...
Após pegar velocidade, descíamos pela Avenida Brasil quando a Giovana falou:
-Papai... Abre um pouco a janela pra mim?
-Pra quê?
-Pra jogar essa caixinha fora...
Irritado, o Leonardo questionou:
-O quê? Você quer jogar lixo na rua?
-É porque já acabou...
-E quem falou pra você que na rua se pode jogar lixo?
-A mamãe joga.
-Mas não está certo, Giovana. Deixe ai no cantinho que quando a gente descer do carro você joga dentro do lixo.
-Tá.
Eu percebia que seus filhos espelhavam-se na mãe para cometer certas atitudes, e isso deixava o Leonardo emputecido, pois geralmente as crianças absorviam o que não prestava, influenciados pela má educação da Talita.
            Ao chegarmos a sua casa, fiquei maravilhado. Portão automático, rua arborizada, residência de luxo. Descemos do carro e caminhamos pelo jardim em direção a porta social, em meio a um lindo gramado desenhado, como aqueles dos contos de fadas.
            Abrindo à porta, o Leonardo disse:
-Seja bem vindo a minha casa!
-Obrigado!
            Logo na sala havia um enorme aquário embutido na parede que dividia a sala de estar com a de jantar. No início até assustei-me um pouco ao ver o contraste de peixes deslizando pela imensidão daquela água azul.
-Nossa! Que aquário lindo! - Comentei admirado.
-Nunca tinha visto um desse tamanho?
-Não. Você deve passar horas com a torneira aberta enchendo isso...
-Esses peixes são de água salgada... Repara como são grandes.
-Tô vendo! Aquele ali é o quê? - Questionei apontando para um deles.
-Um tubarão.
-Caraca! - Exclamei afastando-me.
            Vestindo um uniforme branco, uma senhora falou com um leve sorriso estampado:
-O almoço já está posto, doutor.
-Obrigado Vera. Vamos almoçar?
-Sim. - Respondi com timidez.
            Nos sentamos em uma bela mesa, decorada com muito bom gosto. Enquanto as empregadas nos serviam, o Leonardo quis saber:
-Você gosta de estrogonofe, Claus?
-Gosto.
-Então tá bom. Como eu não sabia do que você gostava, mandei a Vera preparar também feijão com arroz...
-Não esquenta, eu gosto sim... Embora eu só tenha comido uma vez na vida.
-Hahaha... De sobremesa tem torta de morango e banana flambada.
-O que é isso?
-É a banana levemente cozida com conhaque. Ela vira uma calda quente que você toma sobre sorvete de creme.
-É aquela que vem na mesa pegando fogo?
-Isso!
-Eu sempre tive vontade de provar aquilo, acho muito chique...
-Depois do almoço você prova.
-Opa!
           Girando um copo de vidro que estava sobre a mesa, a Giovana não tocou em sua comida. Prevendo algum acidente, o Leonardo chamou sua atenção:
-Giovana, para de mexer nesse copo.
-Por quê?
-Porque é de vidro e pode quebrar.
            Dando um gole no suco de laranja, perguntei:
-A babá deles não cuida do almoço?
-Sim, mas eu pedi pra ela arrumar os quartos dos dois, porque estava uma bagunça.
-Então é você quem cuidará deles.
-Sempre cuidei, mesmo tendo ou não a babá presente.
-Mas não é tarefa dela?
-A educação dos meus filhos sou eu e a mãe deles quem dá, a função da babá é acompanhá-los e cuidar das coisas deles.
Nesse momento a Giovana deixou o copo cair ao chão, fazendo um forte barulho ao se quebrar. Irritado, o Leonardo disse:
-O que foi que eu disse, Giovana?
Tentando apaziguar, a empregada Vera falou:
-Deixe ela, doutor Leonardo... É criança...
Soltando fogo pelos olhos ele virou pra ela e respondeu:
-Cale a sua boca que da educação da minha filha cuido eu.
-Desculpe. - Respondeu baixando sua cabeça.
-Vá para o seu quarto agora, e não saia de lá enquanto eu não autorizar.
Sorte a minha de não ter um pai como aquele. Até eu fiquei com medo, pois a cara de selvagem que ele fez, era de apavorar qualquer um.
Assim que a Giovana cruzou à porta em direção à escada, o Leonardo disse à Vera:
-Vera, acompanhe a Giovana até o quarto e diga pra Cláudia vir buscar o almoço dela.
-Sim, doutor.
            Não achei certo o que ele havia feito. Radical demais. Aquelas crianças deveriam passar um cortado na mão daquele pai, e se dependesse de mim, logo elas se veriam livres do carrasco.
Olhando pro Leonardo, questionei:
-Você não acha que pegou um pouco pesado com ela?
-Você também?
-Calma... Não brigue comigo.
-Eu não estou brigando com você... Não gosto que ninguém dê palpite na educação dos meus filhos.
-Bem... Nesse ponto eu concordo com você.
-Não é só porque ela é criança que pode fazer tudo que quer. Eles precisam de limites, saber e entender que uma vida em sociedade necessita do cumprimento de regras.
-Pensando por esse lado...
-Por isso que esse país está do jeito que está. Todo mundo acha que tem direito a tudo... Governo e autoridades que se corrompem, pessoas que aceitam serem corrompidas... O dinheiro compra tudo, até mesmo a desgraça alheia.
Senti que uma pontinha daquele comentário serviu para mim, pois eu poderia me enquadrar na categoria dos corrompidos facilmente, porém, fiz o possível para não transparecer nada.
-A Talita está estragando as crianças... Deixa eles fazerem tudo que querem. Imagine quando o mundo os proibir de algo, como irão reagir, já que sempre ouviram SIM?
Até que ele tinha certa razão nesse ponto, porque educação é algo que vem de casa, e a situação do país que se encontra hoje é, em grande parte, decorrente dessa desestruturação familiar.
            Confesso que eu já desconfiava sobre a moralidade que a Talita demonstrava, mas nunca poderia imaginar que ela fosse capaz de descer tão baixo, a ponto de transar em cima da sua mesa com seu funcionário, conforme ouvi naquela discussão em sua casa.
            Para ser sincero, aquela família era realmente maluca. Coitada daquelas crianças, com pais como aqueles dois, ser humano algum cresceria normal.
            Em meio a todos aqueles acontecimentos, eu ainda nada havia feito para entregar a Talita um álibi, conforme o prazo que ela havia me dado. Por mais que eu tentasse pensar, não conseguia ter ideia alguma.
            Após o almoço, a empregada trouxe a banana flambada pegando fogo até a mesa. Meus olhos brilharam, pois sempre tive vontade de provar pelo menos uma vez na vida aquelas frescuras que eu só via acontecer pela TV.
            Passando a colher sobre o sorvete, o Leonardo pediu:
-Vera... Traz pra mim aqueles canudos de chocolate?
-Já acabaram, doutor.
-Nossa! Quando foi a última vez que você fez compra?
-Já faz algum tempinho.
-E por que você não me avisou?
-É porque tem muita coisa ainda e...
-Mesmo assim, deveria ter comprado o que está faltando... Faça uma lista que mais tarde vou ao mercado. Desculpa, Claus... Acho que teremos que encurtar nossa tarde.
-Pela questão do supermercado?
-Pois é... Vida de pai solteiro é assim mesmo.
-Sem crise...
            Nesse momento vi duas possibilidades. Tentando imaginar o que a Talita aconselharia, certamente diria para eu me oferecer pra ir junto, porque poderia surgir uma oportunidade a mais de aprontar algo para incriminá-lo. A segunda opção era marcar um outro encontro e tentar posteriormente alguma armação, porém, como meu prazo estava acabando, a primeira opção era a mais indicada no momento.
-Será que... Eu poderia ir com vocês? - Perguntei meio sem graça.
-Não acho que seja um ambiente legal para passar a tarde.
-Que nada! Eu até gosto de supermercado...
-Bem, se você quiser ir, por mim não tem problema.
-Fechado!
            Inferno! Lá ia eu fazer papel de dono de casa. Se não conseguisse arrancar alguma coisa comprometedora para a Talita, perderia todo o conforto que eu havia conquistado, e isso eu não queria. Sendo assim, o sacrifício era válido pela condição financeira que estava desfrutando.
            Por fim, provei a tão esperada banana flambada com sorvete de creme. Repeti duas vezes, de tão gostosa que estava. Por mim partiria pra terceira, mas não pegaria bem para minha imagem de “bonzinho” que tentava passar.
-E então... Estava bom o almoço?
-Maravilhoso!
-Que bom que gostou... Cláudia veja se a cadeira do Artur está em ordem no carro e já arrume os dois enquanto eu escovo os dentes. - Disse o Leonardo à babá levantando-se da mesa.
-Sim senhor... Troco à roupa deles?
-Se eles quiserem ou estiver suja, sim.
-Tudo bem.
-Eu já volto, Claus.
-Tá joia.
            Enquanto esperava aqueles malucos, sentei-me ao sofá da sala e fiquei observando o ambiente. Acredito que algum profissional que efetuara a decoração, pois eram muitos detalhes bem pensados e organizados.
            A leve brisa que entrava pela janela fazia a cortina dançar. Os quadros nas paredes, ao meu gosto eram horríveis, provavelmente seriam de algum pintor famoso, como aqueles que eu costumava ver pela TV.
            Sobre uma estante de madeira feita de prateleiras havia uma enorme televisão de LCD, que dividia espaço com porta-retratos de várias formas, contendo fotografias do Leonardo e seus filhos em alguns momentos de lazer juntos. Aparentemente eles viviam uma vida tranquila, diferente da que a Talita havia frisado, mas como às vezes as aparências enganam, deveria aprofundar-me um pouco mais antes de tirar conclusões.
            Descendo à escada, a babá segurava à mão do Artur, enquanto a Giovana descia logo atrás brincando de contar degraus. O conforto daquele sofá era tanto que nem dava vontade de levantar, mas tive que fazer quando o Leonardo seguiu até a garagem, passando pela sala e chamando-me para sairmos.
-Vamos embora?
-Vamos.
Enquanto ele ajeitava o Artur na cadeirinha com o auxilio da Cláudia, entrei no carro e fiquei aguardando sentado no banco do carona.
Antes de dar partida, ele prendia o cinto de segurança enquanto questionava:
-Filha, o cinto está bem preso ai?
-Tá...
-Então tá bom.
-A babá não vai com a gente? - Perguntei após ela ter fechado à porta traseira e ficado do lado de fora.
-Não. Geralmente não me sinto muito bem...
-Ela te incomoda?
-Não é isso... É que prefiro curtir meus filhos sozinho, sem a presença de uma outra pessoa estranha vigiando.
-Privacidade!
-Exato!
Como eu nunca tive oportunidade de crescer aos cuidados de uma babá, não sabia ao certo o que, nem como era a sensação de possuir uma pessoa para cuidar exclusivamente de você. Por vim de família pobre, eu mal tive atenção dos meus pais, que por ignorância achavam que o importante era por comida em casa apenas. Cresci com essa mágoa, e sempre quando tinha a oportunidade, tentava aproximar-me deles com alguma atitude de afeto, e mesmo que a resposta fosse fria, não importava, porque o mínimo correspondido já era bastante para quem não tinha nada.







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